Título: Dívida pública alcança R$ 2 trilhões
Autor: Pinto, Paulo Silva
Fonte: Correio Braziliense, 06/02/2013, Economia, p. 12

Na tentativa de aumentar a musculatura dos bancos públicos para ofertarem mais crédito às empresas e aos consumidores, o governo elevou a emissão de títulos públicos em 2012, o que contribuiu para que a dívida pública — interna e externa — aumentasse 7,5% no período, atingindo a marca histórica de R$ 2 trilhões. No fim de 2011, o endividamento do país estava em R$ 1,86 trilhão. No ano passado, o governo emitiu cerca de R$ 87,8 bilhões em títulos, que foram repassados a instituições como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil (BB) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O último desses repasses ocorreu em 28 de dezembro, quando o Tesouro Nacional, em operações casadas, emitiu R$ 15 bilhões para o BDNES. Porém, o maior responsável pelo crescimento da dívida foi a incorporação de juros devidos e refinanciados pelo governo, no total de R$ 207,9 bilhões.

O perfil da dívida, no entanto, melhorou e confirma a tendência de alongamento pretendida pelo governo, na avaliação da Secretaria do Tesouro Nacional. O prazo médio de vencimentos dos papéis foi de 3,97 anos, acima do intervalo máximo que era de 3,8 anos. O estoque de títulos atrelados à Selic ficou em 21,7%, o menor patamar da história. É resultado do esforço do governo em reduzir o montante desses papéis com rendimento que acompanha a taxa de juros, que fica na dependência de decisões do Banco Central e, por isso, são muito voláteis e mais difíceis de administrar.

Segundo o Tesouro, a redução da fatia desses títulos sobre o montante da dívida se deve à diminuição dos juros e às operações de troca desses papéis com os fundos extramercado e com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) por títulos prefixados e remunerados pelo inflação.

A participação de títulos prefixados e remunerados pelos índices de preços — preferidos do governo para administrar a dívida pública — saltou de 65,5% em 2011 para 73,9% no ano passado e atingiu recorde histórico. A parcela da dívida interna detida pelos investidores estrangeiros foi de 13,72% do total devido.

» Sem decisão sobre guerra da sucata

O governo federal analisará melhor a guerra em torno das exportações de sucata ferrosa, que envolve a indústria siderúrgica nacional e as empresas sucateiras. Segundo o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, o pedido para que a venda de restos de produtos de ferro sejam taxadas deverá voltar à pauta da próxima reunião da Câmara de Comércio Exterior (Camex). “Vamos examinar melhor. Há muitos pedidos de lado a lado”, disse. Conforme mostrou ontem o Correio, as siderúrgicas pediram, em agosto de 1012, a fixação de um imposto de exportação da sucata ferrosa, produto utilizado principalmente na produção de aços longos. De acordo com o Instituto Nacional das Empresas de Sucata de Ferro e Aço (Inesfa), o pedido é ilegal.