Título: Brasileiro sofre agressão em boate
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Fonte: Correio Braziliense, 06/02/2013, Mundo, p. 17

Um brasileiro está internado no Royal Prince Alfred Hospital, em Sydney (Austrália), em decorrência de agressões que sofreu de um segurança numa boate, no último domingo. Marcus Vinícius Moraes, 27 anos, sofreu traumatismo craniano e já passou por duas cirurgias desde que foi hospitalizado. Segundo a família, que vive em Novo Hamburgo (RS), amigos do rapaz e brasileiros residentes que nem o conhecem prestam assistência até a chegada da mãe, Andréa Maria Ritter, que deve desembarcar em Sydney até sábado. O Ministério das Relações Exteriores confirmou o caso, sem citar o nome do brasileiro, e a Embaixada da Austrália em Brasília informou que, por causa da diferença de 12 horas no fuso horário, se pronunciará hoje.

Marcus Vinícius foi à casa noturna para uma festa em comemoração pela obtenção do visto permanente de residência por um amigo brasileiro, conta o padrasto do jovem, Evandro Schüller. “Não sabemos por que ele foi barrado na entrada”, disse. A família recebeu relatos de amigos do rapaz, segundo os quais ele caiu no chão depois de agredido, bateu a cabeça e ficou inconsciente até a chegada do serviço de emergência e da polícia. O segurança que o agrediu foi preso e liberado após pagar fiança.

A família ficou sabendo da situação por intermédio de amigos do jovem nas redes sociais. “Estávamos na praia e voltamos logo para Novo Hamburgo”, contou o padrasto. Na segunda-feira, a direção do hospital solicitou a presença de um familiar em Sydney. “Eles enviaram uma carta bem sucinta, sem dar maiores detalhes, pedindo que alguém vá até lá para poderem tomar decisões que exigem o consentimento do paciente ou da família”, informou Schüller. Marcus Vinícius foi induzido ao coma pela equipe médica e já passou por duas cirurgias. Ontem, seu estado de saúde apresentava melhoras. “Ficamos (a família) sabendo que ele moveu os membros e disse algumas palavras.”

Marcus Vinícius mora há três anos na Austrália, onde estuda negócios internacionais e inglês, e ainda não sabe se voltará para o Brasil depois de concluir os cursos. “Ele está esperando para decidir isso quando terminar o curso”, afirmou Schüller. O padrasto diz que o rapaz não costuma se envolver em brigas. “Por isso, ficamos ainda mais surpresos.” Agora, Andréa, mãe de Marcus Vinícius, corre para conseguir o visto que lhe permitirá entrar na Austrália para ver o filho. Ela deve viajar na quinta-feira. “Os empregadores dele estão dando assistência e a direção da escola também”, afirma Schüller. Ele foi orientado pela polícia australiana, por meio do Itamaraty, a não divulgar o nome da empresa onde o rapaz trabalha nem da instituição de ensino que frenquenta. A solidariedade de brasileiros que moram em Sydney tem confortado a família.

“Acho que, por causa da proximidade com o caso do rapaz que morreu no ano passado na cidade, as pessoas e a imprensa de Sydney se mobilizaram”, avalia o padrasto. Ele ficou sabendo que “há vários jornalistas de lá procurando o hospital para saber sobre situação de Marcus”. A agressão aparentemente gratuita a Marcus Vinícius aconteceu menos de um ano depois da morte do brasileiro Roberto Laudisio Curti, 21 anos, após receber de policiais vários disparos de taser, arma de choque considerada não letal. Ele foi acusado de roubar uma mercadoria em uma loja de conveniências. Testemunhas contaram na época que viram Roberto sendo perseguido e pedindo ajuda.