Título: Estado rejeita o apoio das tropas federais
Autor: Chaib, Julia
Fonte: Correio Braziliense, 08/02/2013, Brasil, p. 7

Apesar de não conseguir conter a onda de atentados a ônibus e unidades de segurança pública, secretário diz que "tem o controle da situação". Em nove dias, número de casos passa de 70

O número de cidades atingidas pela onda de violência em Santa Catarina subiu para 24. Ontem, foi registrado o 74° ataque em nove dias, segundo a Polícia Militar. Somente entre a noite de quarta-feira e a madrugada de ontem, nove ataques aconteceram no estado. Na manhã de ontem, dois homens incendiaram o ônibus de uma banda do município de São João Batista. O veículo estava estacionado. Até a noite de ontem, nenhum dos criminosos havia sido preso. Na noite de quarta, um policial foi baleado quando saía do trabalho na Grande Florianópolis. Ele foi encaminhado a um hospital e passa bem. Pelo menos 110 pessoas são suspeitas de envolvimento na série de crimes, que começou em 30 de janeiro. Dessas, 28 foram presas, segundo balanço do governo catarinense.

Mesmo que os atentados ainda não tenham cessado, a secretário de Segurança Pública do estado, César Augusto Grubba, disse em entrevista coletiva à imprensa, na tarde de ontem, que o governo estadual não precisa da ajuda da Força Nacional de Segurança, oferecida pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “Não é má vontade do governo do estado em aceitar qualquer tipo de ajuda, mas, neste momento, não há necessidade. Temos controle da situação e a tendência é que essas ações recuem nos próximos dias”, afirmou Grubba.

Ataques superam 2012 A cidade que registrou o maior número de atentados desde o dia 30 foi Joinville, seguida por Florianópolis. O policiamento foi reforçado em todas as regiões do estado e, em algumas cidades, principalmente na Grande Florianópolis, ônibus estão sendo escoltados por policiais. A quantidade de ataques nos últimos nove dias já supera a onda de violência que atingiu o estado em novembro do ano passado. Na época, em sete dias, foram confirmados 58 atentados em 16 municípios catarinenses.

De acordo com órgãos de segurança, os ataques podem ter relação com denúncias de maus-tratos no Presídio de Joinville, transferências de presos e repressão ao tráfico de drogas.

Um vídeo gravado dentro de um presídio de Joinville, que teria sido feito em 18 de janeiro, mas divulgado no último sábado, mostra agentes penitenciários agredindo um grupo de presos — nus e sob a mira de armas — com balas de borracha e spray de pimenta.

O governador Raimundo Colombo disse que foi aberta uma sindicância para investigar o caso e oito agentes penitenciários já foram afastados. De acordo com o delegado-geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro D’Ávila, as investigações estão evoluindo e, em breve, será possível apontar os comandantes das ações. Ele destacou que há fortes indícios de que as ordens vêm de dentro de presídios.