Título: Impasses na volta ao trabalho
Autor: Marcos, Almiro
Fonte: Correio Braziliense, 08/02/2013, Cidades, p. 22

Nem bem iniciou os trabalhos em 2013 e a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) já convive com indefinições e polêmicas. Ainda não foi possível definir um corregedor (ad hoc) para analisar o pedido de quebra de decoro por parte do deputado Raad Massouh (PPL), acusado de envolvimento em desvio de verbas de emenda parlamentar em 2010. Também incerta é a escolha da composição das nove comissões permanentes, que ficará para depois do carnaval. A disputa segue intensa dentro dos blocos de partidos e entre os próprios parlamentares. Os dias de folia devem ser marcados por articulações.

Na reunião de líderes realizada na última quarta-feira, o presidente da Casa, Wasny de Roure (PT), indicou o nome de Wellington Luiz (PPL), que foi o último corregedor, para analisar o processo contra Raad. O consenso em nome dele, segundo o petista, deve-se ao fato de ser oriundo da Polícia Civil do DF e entender o funcionamento da corporação. Agente de polícia e ex-presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol), Wellington declinou do convite. Alegou que poderia ser declarado suspeito por pertencer ao mesmo partido do investigado.

O discurso de Wasny é em defesa de alguém ligado à Polícia Civil. Mas ele vem tendo problemas de aceitação da proposta por parte dos deputados policiais. Doutor Michel, que é delegado, não quer a função. Justifica que tem a mesma base eleitoral que Raad (Sobradinho e Planaltina) e que não quer que isso seja usado contra ele em caso de cassação. Resta então Cláudio Abrantes (sem partido), que é agente de polícia. “Não tenho perfil de arquivador de processos, mas não recebi nenhum convite e não posso responder antecipadamente”, disse.

De qualquer maneira, a situação de Abrantes é parecida com a de Michel. O agente tem base eleitoral em Planaltina e, ainda que ele não admita, a presença de um policial civil na investigação parlamentar pode ser uma faca de dois gumes. “Caso o corregedor decida arquivar o processo, vai renegar o que a Polícia Civil investigou e isso pode causar melindres”, diz um deputado. Em novembro do ano passado, uma operação cumpriu mandados de busca e apreensão em escritórios de Raad, que na época ocupava a Secretaria da Micro e Pequena Empresa do DF. Ele é suspeito de desviar recursos de emendas.

É provável que a definição do corregedor fique para o dia 19, quando serão escolhidos os nomes dos presidentes das comissões permanentes. As áreas mais disputadas são a Comissão de Economia, Orçamento e Finanças (CEOF) e a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). No caso da primeira, aparecem os nomes de Cláudio Abrantes, Rônei Nemer (PMDB), Cristiano Araújo (PTB) e Olair Francisco (PtdoB). Já para a CCJ, surgem Chico Leite (PT) e Robério Negreiros (PMDB). “Os parlamentares estão negociando intensamente e os nomes devem sair indicados pelos blocos”, afirma um distrital. A CLDF tem cinco blocos partidários.