O Estado de São Paulo, n.46266, 19/06/2020. Política, p.A10

 

Ex-advogado de miliciano vai defender Queiroz

Caio Sartori

19/06/2020

 

 

Defensor de Adriano Magalhães de Nóbrega, morto na Bahia em fevereiro, assumiu o caso do ex-assessor

Novo caso. Paulo Emilio Catta Preta durante entrevista

Preso ontem em Atibaia, São Paulo, o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz estava sem advogado desde dezembro do ano passado, quando Paulo Klein deixou sua defesa. Neste mês, contudo, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro contratou Paulo Emílio Catta Preta, experiente defensor de Brasília que atuou recentemente para Adriano Magalhães da Nóbrega, miliciano do Rio morto em fevereiro.

Capitão Adriano, como era conhecido, também era alvo da investigação sobre prática de rachadinha na Alerj. O miliciano morreu durante uma operação policial na Bahia.

Catta Preta está no Rio, na cadeia de Benfica, onde Queiroz ficará preso. Eles conversaram pessoalmente, pela primeira vez, no início da tarde de ontem. “A família me procurou no início do mês, estava preocupada por ele estar sem advogado”, afirmou o advogado ao Estadão, pouco antes de Queiroz chegar ao local.

O defensor disse também que ainda não estudou a fundo os autos do caso, que, desde 2018, é conduzido pelo Ministério Público do Rio.

Miliciano. Capitão Adriano foi morto em fevereiro deste ano pela polícia da Bahia, no município de Esplanada. Ele era apontado por investigadores do Rio como chefe do Escritório do Crime, grupo miliciano que atua na zona oeste da capital fluminense. Quando ainda era policial militar – chegou a ser capitão do Bope –, Adriano trabalhou com Queiroz no batalhão de Jacarepaguá, também na zona oeste.

Ele respondem juntos a um homicídio registrado como “auto de resistência”.

A mãe e a ex-mulher dele, Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Costa Nóbrega, respectivamente, foram nomeadas assessoras no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), durante o período investigado.

Em uma das etapas da investigação, que resultou em uma operação no fim do ano passado, mostrou que elas transferiram para Fabrício Queiroz, então assessor parlamentar e considerado o operador do esquema, parte de seus salários, além de terem feito saques que poderiam indicar repasses em espécie para a “organização criminosa”. O dinheiro vivo seria uma forma de não deixar rastros no sistema financeiro.