Correio braziliense, n. 20913, 26/08/2020. Cidades, p. 17

 

Taxa de desemprego no DF começa a cair

Mariana Machado 

26/08/2020

 

 

As taxas de desemprego no Distrito Federal, que sofreram forte impacto com a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, demonstram sinais de melhora. A Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED-DF) mais recente, divulgada, ontem, pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) mostra que, depois de dois meses em elevação, os índices começam a diminuir. Até junho deste ano, os desempregados no DF eram 327 mil. Em julho, houve queda de 10,4%, passando a um total de 293 mil desempregados. Este número ainda está 0,3% maior do que o visto no mesmo período do ano passado, quando os desempregados eram 292 mil.

O estudo fez o levantamento até julho, mostrando que a população ativa é de 2,4 milhões de pessoas, das quais 1,2 milhão estão ocupadas. Isso representa um aumento de 4% em relação a junho deste ano, mas uma queda de 6,7% quando comparado ao mesmo período de 2019.

De acordo com o levantamento, o setor de serviços se mantém com maior empregabilidade, somando, até julho, 904 mil contratados. No mês anterior, esse número era de 878 mil pessoas (aumento de 3%) e, em julho de 2019, eram 977 mil (queda de 7,5%). Em seguida, vem o setor de comércio e reparação, com 216 mil empregados em julho deste ano, contra 204 mil em junho, e 227 mil em julho de 2019. A construção civil também registrou aumento de contratações, indo de 47 mil empregados em junho, para 58 mil em julho. No ano passado, em julho, esse número era de 63 mil pessoas.

A reação no mercado de trabalho aparece no mês em que o Governo do Distrito Federal (GDF) autorizou a reabertura do comércio, incluindo lojas de rua, shoppings centers, bares e restaurantes. “Observamos um lento retorno ao perfil tradicional relativo ao que tínhamos antes da covid-19. Estamos retornando. Nós estamos num período de mudança estrutural que indica que os mercados de trabalho diminuam de tamanho”, pondera Lúcia Garcia, coordenadora da pesquisa.

A reabertura do comércio trouxe novas oportunidades para a garçonete Elinete Feitosa, 38 anos. “No fim de julho, a minha antiga empresa me chamou para trabalhar de volta. Fiquei sem trabalho desde o início da pandemia. Foi muito difícil, não tinha ninguém contratando e as contas chegam.” Durante quatro meses desempregada, a garçonete lembra que sobreviveu por meio de bicos e de auxílios governamentais. “Com isso, ficou mais tranquilo para pagar as contas. Além disso, consegui dar entrada no seguro desemprego, então deu para me sustentar”, afirma Elinete. Para aqueles que ainda procuram uma oportunidade de empregabilidade, ela adverte: “Não desistam de procurar. Estão todos se adaptando. Nós conseguimos trabalho, é só acreditar”.

 Perfis

O número de trabalhadores assalariados nos setores público e privado passou de 840 mil, em julho, para 863 mil, em junho (aumento de 2,7%). Em 2019, eram 946 mil. A renda média dessa categoria está maior em relação ao ano passado, mas menor na comparação com maio de 2020. Até julho do ano passado, o rendimento médio real para assalariados era de R$ 3.962. Em maio deste ano, passou para R$ 4.137, e, em julho, para R$ 4.083.

Em julho, a Codeplan identificou um aumento de 17,9% no número de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado, em relação ao mês anterior. Em junho, eram 67 mil, pulando para 79 mil em julho. Ainda assim, isso representa um decréscimo de 23,3% em relação a julho de 2019, quando essa categoria somava 103 mil profissionais.

Os autônomos também tiveram aumento significativo (8.9%). Até junho, eram 190 mil, passando para 207 mil em julho. Crescimento de 9,6% em relação a igual período de 2019, quando o DF contabilizava 189 mil autônomos. O rendimento desta categoria era de R$ 2.146 em junho de 2019; R$ 1.521 em junho de 2020; e R$ 1.615 em julho de 2020.