Correio braziliense, n. 20915, 28/08/2020. Negócios, p. 7

 

"Decisão da ANS foi justa e equilibrada"

Jéssica Gotlib

28/08/2020

 

 

A decisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) de suspender o reajuste dos planos de saúde foi acertada, pois representa uma ajuda ao usuário dos serviços de atendimento hospitalar privado. A avaliação é do presidente do Sistema Hapvida, Jorge Pinheiro. Para o médico, a iniciativa é importante neste momento econômico difícil para os brasileiros. “A determinação da Agência Nacional foi justa, equilibrada. É importante, sim, que o setor dê a sua contribuição. Cada um tem que se ajudar no sentido de passarmos com mais tranquilidade (pela pandemia)”, afirmou Pinheiro ontem, em entrevista ao CB.Saúde — parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília.

O presidente da Hapvida ressaltou o caráter regional da pandemia, com diferentes impactos no território brasileiro. Pinheiro acredita que o Centro-Oeste pode estar no início da curva descendente de casos. “A gente já observa uma tendência suave de queda. Então, entendo que a gente está deixando o pico da doença no Centro-Oeste e também no interior de São Paulo, assim como na região Sul”, afirmou.

O médico avaliou os desafios que se impõem para a testagem em massa. “Se formos sugerir que todo mundo que acha que teve contato com algum paciente faça exame, a gente vai levar a uma busca desenfreada e não lógica da realização de testes desnecessariamente”, observou. Uma grande dificuldade, de acordo com Pinheiro, seria refazer o exame em um mesmo paciente depois de determinado período. “Não sei se o país conseguirá testar sequencialmente. Se, hoje, o paciente não está contaminado, não é prova que na próxima semana ele não estará. Também tem a questão da janela imunológica, mesmo que você tenha feito o teste, pode ser que não tenha desenvolvido anticorpos detectáveis no exame”, afirmou.

Para o médico, a alternativa é testar todas as pessoas que apresentarem sintomas, ainda que iniciais, e adotar medidas complementares para detectar a doença. “A gente vem recomendando, em todas as nossas unidades, a medição da temperatura, para que mesmo com uma febre baixa, imperceptível, a gente recomende ao usuário ficar em casa e cumprir a sua quarentena, mesmo sem saber se está doente”, informou.

Outro meio de diminuir a exposição de pessoas ao vírus, são as consultas remotas — a chamada telemedicina. Pinheiro conta que, antes da pandemia, o sistema de telemedicina da Hapvida fazia mais de 10 mil consultas por mês. Nestes cinco meses, foram mais de 70 mil atendimentos só de pessoas com suspeita de covid-19, sem contar outras enfermidades.