Título: NY alerta para a nevasca do século
Autor: Tranches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 09/02/2013, Mundo, p. 15

Tempestade causa corrida por mantimentos e combustível. Três estados declaram emergência»

Mal refeitos do impacto devastador da passagem do furacão Sandy, no fim de 2012, os moradores do nordeste dos Estados Unidos, entre eles muitos brasileiros, enfrentam agora uma tempestade de neve que se anunciava como a mais forte em um século. Desde ontem, a região revive cenas como a corrida a postos de combustível e a supermercados, pouco mais de três meses depois de Sandy ter causado um prejuízo de mais de US$ 50 bilhões. Rhode Island, Massachusetts e Connecticut, três dos seis estados que formam a Nova Inglaterra, e Nova York declararam emergência. Até a noite de ontem, sete voos entre Brasil e EUA haviam sido cancelados — em toda a região, o total de voos suspensos superou 4 mil. Estradas foram interditadas, vários serviços estão desativados e as autoridades anunciaram medidas extraordinárias. A previsão da meteorologia apontava para um acúmulo de neve de cerca de 60cm.

A forte nevasca começou à tarde e deveria alcançar níveis recordes de precipitação na madrugada de hoje, especialmente nas áreas de Boston e Nova York. Um tapete branco cobriu várias cidades. Autoridades pediram aos moradores que ficassem em casa ou, se necessário, que retornassem o mais rápido possível. Relatos de jornais e agências de notícia diziam que, mesmo nos estágios iniciais, a tempestade criou certo pânico entre a população e desencadeou uma corrida aos postos e supermercados.

A carioca Livia Lima, que mora em Eastchester (Nova York), contou que já na quinta-feira tinha estocado água e lenha para a lareira, além de encher o tanque do carro. Ontem, ela decidiu não mandar a filha de 6 anos para a escola e o marido deveria retornar mais cedo do trabalho, já que o serviço de trem seria interrompido. "O Sandy foi terrível! A cerca do meu jardim tombou, ficamos sem luz por cinco dias. O carro já estava (com a gasolina) na reserva e eu temia por não ter como sair de casa para comprar comida", lembrou.

O boletim do Serviço Nacional de Meteorologia informou que o alerta havia sido envidado para toda a parte costeira do nordeste, entre Newark (Nova Jersey), a cidade de Nova York e a fronteira com o Canadá, no Maine. No sul desse estado, a tempestade provocou um engavetamento de 19 veículos. Governadores e prefeitos dispensaram funcionários não essenciais e alertaram a população a se preparar para quedas de energia, o que chegou a ocorrer em Nova Jersey. O governador de Massachusetts, Deval Patrick, tomou a atípica decisão de fechar as rodovias e determinou que quem descumprisse a ordem poderia ser preso ou pagar multa de US$ 500.

Depois de passar um grande susto com o Sandy, a paulista Lais Zinano, intercambista que trabalha como babá em Staten Island (Nova York), parecia mais tranquila para enfrentar a tempestade de neve. Com a passagem do furacão, a água invadiu seu quarto e causou a ela grande perda material. "Neve, a gente pega uma pá e limpa. Água, você não tem como segurar", relatou ao Correio. O lugar onde a estudante mora foi um dos mais afetados pelo Sandy e a casa onde está hospedada é próxima à praia. Nos últimos dois dias, ela relatou ter revisto cenas de três meses atrás, como filas gigantes em postos de gasolina e mercados sendo reabastecidos o tempo todo.

Pelo menos sete voos entre os EUA e o Brasil tinham sido cancelados até o início da noite. A TAM suspendeu dois que partiriam de São Paulo (Guarulhos) e um que sairia do Rio de Janeiro (Galeão), ambos para Nova York. A companhia cancelou também um voo de Nova York com destino a São Paulo. Uma partida do Rio, uma de São Paulo e duas de Nova York, previstas para hoje foram reprogramadas. A companhia disse estar prestando assistência as passageiros e disponibilizou telefones de apoio. Já a American Airlines cancelou três voos partindo do Brasil com destino ao Aeroporto JFK (Nova York). Dois sairiam de São Paulo e um, do Rio. A companhia também divulgou um telefone para informações.

Só dá ela...

A ex-secretária de Estado Hillary Clinton desbancou o presidente Barack Obama e o vice, Joe Biden, em uma pesquisa sobre os políticos mais populares dos Estados Unidos. Hillary teve a aprovação de 61% dos entrevistados, um índice que alimenta os defensores de sua candidatura para suceder Obama, em 2016. O atual presidente, embora com a simpatia de 51%, tem contra si o dado de que 46% disseram não estar satisfeitos com seu desempenho no cargo. O senador republicano Marco Rubio, da Flórida, cotado para disputar a Casa Branca contra os democratas, alcançou uma popularidade supreendente, de 12%. A pesquisa, feita pela Universidade Quinnipiac, mostrou ainda que 68% dos americanos estão "insatisfeitos" ou "muito insatisfeitos" com a situação do país.