Correio braziliense, n. 20921, 03/09/2020. Mundo, p. 13

 

Pressa para a vacinação

03/09/2020

 

 

Em mais um lance na corrida mundial para desenvolver uma vacina contra a covid-19, o governo de Donald Trump pediu aos estados norte-americanos que estejam preparados para distribuir as doses de imunização até 1º de novembro — dois dias antes das eleições presidenciais. A informação foi divulgada, ontem, por meios de comunicação dos Estados Unidos.

“Os CDC solicitam, urgentemente, sua ajuda para agilizar as solicitações para essas instalações de distribuição”, assinala o trecho de um comunicado assinado por Robert Redfield, diretor dos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), ao qual o The Wall Street Journal. A ideia, de acordo com o jornal, é que a operação esteja completa até o fim de outubro.

A Agência de Medicamentos dos Estados Unidos (FDA) cogita a possibilidade de uma vacina receber aprovação emergencial antes do fim dos testes clínicos, que garantem sua segurança e eficácia. Um pedido para aprovação tão incomum teria que vir dos laboratórios desenvolvedores, explicou o chefe da FDA, Stephen Hahn, em entrevista publicada na edição do último domingo do Financial Times.

Os CDC providenciaram aos estados documentos com informações sobre o plano de distribuição da vacina, adiantando que os tratamentos poderão receber autorização emergencial de uso. Segundo esse detalhamento, provavelmente será necessário uma segunda dose no futuro.

“Vacinas e suprimentos auxiliares serão distribuídos pelo governo federal sem custo para provedores de vacinação da covid-19 cadastrados”, assinalam os documentos.

Trump vem insistindo na ideia de uma vacinação em um prazo breve nos Estados Unidos. No início do mês passado, numa entrevista a um programa de rádio, o presidente adiantou que era possível ter a vacina antes das eleições. “Sairá mais cedo do que o fim do ano”, estimou. “Antes de 3 de novembro?”, perguntou o jornalista, em referencia à data da votação. “Eu acho que, em alguns casos, sim, é possível antes, mas deve chegar nessa época”, disse o republicano.

Campanha

A pandemia do novo coronavírus tornou-se um dos principais temas das  eleições presidenciais, nas quais Trump tenta um novo mandato de quatro anos. Ontem, ao participar de um evento em Wilmington, Delaware, o candidato democrata à Casa Branca, Joe Biden, criticou a forma  que o republicano gerenciou a crise sanitária. Para Biden, o adversário “não mostrou muita coragem”.

Biden ressaltou, por exemplo, que Trump não tem um “plano real” para a reabertura das escolas com segurança. “Ele não está oferecendo nada além de fracasso e delírios do início ao fim para as famílias americanas e nossos filhos. Eles estão pagando o preço por seus fracassos”, insistiu o democrata.