Título: SC negocia ajuda para conter onda de ataques
Autor: Chaib , Julia
Fonte: Correio Braziliense, 07/02/2013, Política, p. 6

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ofereceu ao governador de Santa Catarina, João Raimundo Colombo, apoio da União para combater a onda de violência que atinge o estado. Em encontro, ontem, Cardozo reforçou a oferta de vagas em presídios federais para transferência de chefes de facções criminosas, bem como a ajuda da Força Nacional de Segurança. A reunião dos dois ocorreu uma semana após o reinício dos ataques a ônibus e prédios públicos em diversas cidades catarinenses, principalmente na Grande Florianópolis, em Joinville e em Itajaí. Até ontem, já haviam sido registradas cerca de 70 ocorrências. Os atentados podem estar relacionados a denúncias de maus-tratos em presídios e à transferência de presos. A Secretaria de Segurança Pública suspeita que as ordens para os atentados estejam partindo de uma facção criminosa que atua dentro das prisões. Diante da situação em que o estado se encontra, o ministro Cardozo disse ontem que os órgãos de inteligência policial vão atuar mais diretamente na análise dos ataques em Santa Catarina.

O ministro informou ainda que um plano de enfrentamento aos ataques será traçado após a visita de uma equipe do governo federal a Santa Catarina. “ Órgãos de inteligência federal e estadual se reunirão para definir medidas a serem tomadas, como, por exemplo, o envio de tropas federais para o estado, mas ainda não temos data marcada para o encontro.”

De acordo com o governador de Santa Catarina, não há como falar em número ou nomes de pessoas que serão transferidas, mas que, caso seja necessário, a medida será tomada. Segundo o ministro da Justiça, há 300 vagas em penitenciárias de segurança máxima em aberto. “Sobre a Força Nacional, ainda não foi enviado um efetivo ao estado. Temos equipes avaliando isso”, completou Cardozo. Ele disse que não seria possível dar mais informações para não comprometer a estratégia de combate aos ataques. O governador de Santa Catarina não informou quando a ajuda oferecida por Cardozo chega ao estado. Desde o início dos ataques, 32 pessoas foram presas.

Estopim Um vídeo gravado dentro de um presídio em Joinville — feito em janeiro, mas divulgado no último sábado — mostra agentes penitenciários agredindo presos. Na gravação, agentes penitenciários atiram balas de borracha e lanças gás de pimenta contra um grupo de presos nus e sem reação. A gravação é apontada como um dos estopins da crise de segurança. O governador Raimundo Colombo disse que foi aberta uma sindicância para investigar o caso e que oito agentes penitenciários já foram afastados.