Título: Produção própria
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 14/02/2013, Economia, p. 7

Antes mesmo do temor de uma volta ao racionamento de energia — expectativa levantada por agentes do setor desde o fim de 2012, após a baixa dos reservatórios das hidrelétricas para níveis críticos — empresas privadas e estatais procuravam garantir o abastecimento próprio de eletricidade. A tendência iniciada em 2001, como uma reação à elevação do custo das tarifas durante o período do chamado apagão do governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), se manteve e ganhou força recentemente, em razão dos seguidos episódios de interrupção no fornecimento e alertas de analistas sobre novos riscos.

Há 12 anos, o Serviço de Processamento de Dados (Serpro), que atende a todo o serviço público federal, investiu na compra de geradores a diesel para manter ligados os computadores de sua rede, em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Na época, a pesada conta de eletricidade justificou a compra. Hoje, com um volume bem maior de serviços prestados, e um histórico recente de perturbações, a estatal precisa de energia boa e segura. Curiosamente, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) regulamentou ano passado a produção de energia pelos consumidores e a possibilidade de eles ofereceram o excedente para o sistema.

Em paralelo, a realização de grandes eventos esportivos no país voltou a incentivar soluções temporárias para impedir cortes inesperados em estádios, hotéis e serviços públicos. “Existem 10 mil geradores a óleo em atividade no Brasil dedicados à locação de energia em grandes eventos, obras de infraestrutura em áreas isoladas, entre outras finalidades”, observa Pablo Varela, representante da Aggreko, líder mundial em aluguel de geradores. Comunidades não atendidas pelo sistema interligado nacional também dependem desses equipamentos, a maioria no grupo de 300 a 350 megawatts (MW).

O executivo não acredita que o estresse provocado pelo uso intensivo de termelétricas leve empresas de ramos distintos de atuação a investir na compra de geradores próprios. Mas lembra que a garantia de fornecimento não é uma preocupação apenas em virtude de eventual racionamento. (SR)

Sem parar

Empreendimentos que dependem de energia constante e segura já têm suas próprias unidades geradoras em operação ininterrupta ou delegam essa competência a terceiros. Nesse tipo de demanda estão, por exemplo, os centros de processamento de dados de bancos, hospitais e as concessionárias de serviços de telecomunicações.