Título: Previsão de inflação sobe para 5,71%
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 14/02/2013, Economia, p. 8

Diante do quadro de incertezas na economia, o governo tem apostado na desoneração da folha de pagamento do setor produtivo como forma de incentivar investimentos e segurar empregos. Em abril, a construção civil passa a ser beneficiada pelo programa. O Executivo espera que a medida melhore as margens de lucro do segmento, estimule o avanço da produção de insumos e aumente o ritmo de construção de imóveis a partir desse mês.

Com isso, a atividade seria impulsionada e jogaria por terra a desconfiança do setor produtivo em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). A preocupação do governo com o setor é tamanha, que no último ano criou uma série de benefícios para a aquisição da casa própria — faltava apenas o incentivo à cadeia produtiva.

A equipe econômica também começa a dar mais importância para a inflação com receio de que o processo de alta dos preços diminua o impacto da expansão da renda no país. Apesar do discurso de que a carestia vai convergir para a meta de maneira não linear ao longo dos próximos meses, fontes do governo já admitem que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deve estourar o limite, de 6,5%, em meados do ano. No boletim semanal Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, o mercado passou a estimar uma inflação de 5,71%, na semana anterior a previsão era de 5,68%.

“Em algum momento, um ajuste monetário será necessário para forçar a convergência da inflação. Não acredito que o governo é totalmente insensível à piora do quadro inflacionário”, argumentou Zeina Latif, economista e sócia da Gibraltar Consulting. O governo, no entanto, evitará elevar os juros. Pretende aplicar medidas macroprudenciais e usar desonerações e benefícios fiscais como alternativa à política monetária tradicional.