Título: Detran no topo
Autor: Tahan, Lilian
Fonte: Correio Braziliense, 14/02/2013, Cidades, p. 20
O fluxo de caixa do governo é fator decisivo na mesa de negociação com as categorias. Mas o histórico de melhorias também é levado em conta. Um gráfico com 38 carreiras do Distrito Federal demonstra a evolução dos salários de servidores na última década. No estudo, o traço mais alongado é o da carreira de policiamento e de fiscalização de trânsito. O levantamento indica que, em 10 anos, servidores vinculados ao Departamento de Trânsito do DF (Detran) tiveram reajustes de 275%. Como demonstra o Portal da Transparência do GDF, a remuneração desses profissionais varia entre R$ 4 mil e R$ 9,5 mil, mas pode passar dos R$ 13 mil quando acrescida de horas extras.
Em seguida aos servidores do Detran, carreiras como a de auditores de atividades urbanas, da assistência social e dos médicos tiveram correção acima dos 200% na última década. Os doutores no DF em início de carreira e sem titularidade ganham R$ 5,8 mil. Os mais antigos, já perto de se aposentar, chegam a remunerações no teto do funcionalismo público local, de R$ 24,1 mil. Mas há ainda os que dobram esse valor em função das horas extras, como revelou o Correio em reportagem publicada em julho do ano passado.
No ranking dos servidores mais bem assistidos na última década, os professores aparecem em oitavo lugar, depois de carreiras como atividades rodoviárias, atividades de trânsito ou atividades complementares de segurança pública e, em termos percentuais, tiveram, nos últimos 10 anos, melhorias mais significativas do que auditores tributários, assistentes do Judiciário e procuradores do DF. Sempre mobilizados por melhores salários — em 2012, fizeram greve de 52 dias —, os docentes conseguiram, no período, dobrar de remuneração, como demonstra o gráfico em que o magistério público praticamente encosta na marca dos 200% de reajuste.
Na outra extremidade, com correção inferior a 25% em uma década, estão profissões públicas como atividades de defesa do consumidor, apoio à assistência judiciária, regulação de serviço público, atividades de planejamento e gestão urbana. No meio- termo, com uma marca pouco acima dos 100% de reajuste entre 2003 e 2013, mas não menos mobilizados, estão os policiais civis. No ano passado, ficaram parados 83 dias, obtiveram 15,8% em três anos, mas não estão satisfeitos. Iniciada em 23 de agosto, a greve só foi suspensa em 12 de novembro, após decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios desfavorável aos manifestantes. Ao longo desse período, as delegacias de todo o DF registraram apenas ocorrências graves, de crimes contra a vida. Dispostos a novo embate com o governo, esperam melhorar a posição no ranking das carreiras mais valorizadas pelo Estado.