Título: Dilma discute a estratégia do PT
Autor: Lyra, Paulo De Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 26/01/2013, Política, p. 2
Durante a comemoração dos 459 anos de São Paulo, a presidente se reúne com Lula e Haddad para definir os rumos do governo e das alianças políticas
O PT aproveitou os 459 anos de São Paulo, comemorados ontem, para traçar a sua estratégia de poder. A presidente Dilma Rousseff encontrou-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pavimentar os planos para a reeleição e participou de uma entrega de casas populares ao lado do prefeito Fernando Haddad — um ano após o confronto entre a polícia estadual e moradores na desocupação da Favela Pinheirinho. Entre um evento e outro, inaugurou um Centro Paralímpico, ao lado do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. "Determinados desafios, a gente consegue responder melhor quando fazemos juntos. Desafio que nós, governo federal, o Estado de São Paulo e a prefeitura, com o prefeito Fernando Haddad, estamos fazendo juntos", disse a presidente, sem citar Alckmin.
Pode ter sido um descuido, já que a presidente, durante o cumprimento aos presentes, chamou o governador tucano de "parceiro do governo federal". Mas ao frisar que alguns desafios são vencidos com mais facilidade quando as coisas são feitas em conjunto, não há como não lembrar o discurso de Dilma em cadeia nacional de rádio e televisão, na última quarta-feira, criticando os pessimistas que afirmam que o país convive com o risco de desabastecimento de energia. O PT acusa o PSDB de ter sido contra a redução na conta de luz. Durante solenidade de entrega de 300 unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida, no Condomínio Residencial Iguape, Dilma fez mais uma referência indireta que deve ter soado mal aos ouvidos tucanos. "Em um país como o Brasil, com 84% da população morando em cidades, não podemos deixar de oferecer moradia digna para as pessoas. Gente com responsabilidade não pode ver sua população vivendo em favelas ou em habitações precárias."
Há pouco mais de um ano, um confronto entre policiais e moradores na desocupação da Favela Pinheirinho, próximo a São José dos Campos, gerou uma discussão entre o gestão de Alckmin e o governo federal. À época, houve acusações de uso indiscriminado de balas de borracha, mesmo quando não havia resistência da população. O assentamento irregular, que tinha entre 6 mil e 7 mil pessoas, foi cercado por 2 mil policiais militares contando com auxílio da guarda civil, além de dois helicópteros Águia, carros blindados, bombas de gás, balas de borracha e spray de pimenta. Trinta pessoas foram presas e vários moradores receberam atendimento em hospitais da região.
No mesmo evento, Dilma aproveitou para fazer a propaganda do Minha Casa, Minha Vida, um dos projetos que, na visão do governo federal, representa o segundo passo da inserção social derivada de uma melhor distribuição de renda. "Além do um milhão (de casas) que já construímos, e do 1,3 milhão que temos contratados, teremos mais 1,1 milhão para contratar até 2014. Por isso, é importante a parceria com Haddad, precisamos de terreno, saneamento e acesso (projetos de mobilidade urbana)", disse ela.
Aniversário Para completar a festa petista, o dia 25 de janeiro, além do aniversário de São Paulo, é a data de nascimento do prefeito Fernando Haddad, que completou ontem 50 anos. "É uma comemoração ainda mais especial no momento em que a cidade tem um novo prefeito, que, tenho certeza, trará ainda mais motivos de celebração. O prefeito Fernando Haddad também comemora seu aniversário hoje, então aproveito a oportunidade para desejar um duplo parabéns: à cidade de São Paulo e ao meu grande amigo e companheiro Fernando Haddad", disse Lula, pelo Twitter.
Antes dos eventos oficiais, Lula e Dilma se reuniram. Foi o primeiro encontro entre ambos após o ex-presidente ter dito que assumiria, a partir de fevereiro, a articulação com os partidos da base — PSB e PMDB. Na agenda de ontem, que teve também a presença do presidente do PT, Rui Falcão, começou a ser discutida a estratégia para a campanha de 2014. Ao longo deste ano, além da eleição do novo presidente do PT (leia mais na página 3), a Fundação Perseu Abramo, o PT e o Instituto Lula farão um balanço dos 10 anos do partido à frente do Palácio do Planalto, os avanços conquistados e o que precisa ser feito daqui para frente. Esse levantamento será analisado no 5º congresso petista, marcado para fevereiro do ano que vem.
“Determinados desafios, a gente consegue responder melhor quando fazemos juntos” Dilma Rousseff, presidente da República