Título: Governador admite reforço
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Fonte: Correio Braziliense, 13/02/2013, Política, p. 4

Sob ataques ininterruptos há 15 dias, Santa Catarina deve precisar da Força Nacional, diz Raimundo Colombo

Diante da intensidade da onda de atentados em Santa Catarina, que já contabiliza mais de 90 nos últimos 15 dias, o governador do estado, Raimundo Colombo, passou a admitir necessidade de recorrer ao auxílio da Força Nacional de Segurança (FNS), que foi oferecido na semana passada pelo Ministério da Justiça. “É uma decisão técnica. A Força Nacional de Segurança será utilizada, se for o caso, em atuações específicas”, afirmou o governador em entrevista ao jornal Diário Catarinense.

No último dia 6, o governador havia descartado o uso da Força Nacional depois de se reunir com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Os atentados, contudo, aumentaram o tom de afronta ao governo nos últimos dias. Um automóvel foi queimado em Florianópolis dentro do estacionamento do complexo administrativo onde despacha Colombo.

A ação foi entendida como uma provocação das facções criminosas do estado ao chefe do poder público catarinense. “A resposta é aumentar ainda mais o combate ao crime”, disse o governador. “Estamos dando a resposta e vamos continuar com vigor, independentemente de onde eles estiverem atacando.”

Carros incendiados Na madrugada da terça-feira, foram registradas três ocorrências nos municípios de Chapecó, Tubarão e Imbituba, totalizando 94 ataques notificados em 29 cidades catarinenses. Um veículo particular foi queimado em Chapecó. Também foi incendiada uma viatura da Guarda Municipal no município de Tubarão. Em Imbituba, homens passaram em frente ao Fórum e atiraram uma pedra embrulhada em uma sacola plástica com um bilhete contendo uma ameaça de incêndio ao prédio. A segurança no local foi reforçada.

Especialistas da segurança pública estadual têm atribuído os ataques a uma reação contra a transferência de detentos do sistema prisional de Santa Catarina e a episódios de maus-tratos ocorridos na penitenciária de Joinville. Cenas de vídeo mostrando episódios de tortura contra um grupo de cerca de 70 presos do complexo, gravadas em 18 de janeiro, podem estar relacionadas aos atentados, que são atribuídos a líderes do Primeiro Grupo Catarinense (PGC), organização criminosa comandada por detentos do sistema prisional do estado. A facção criminosa segue o modelo do Primeiro Comando da Capital (PCC) e usa supostos abusos de direitos humanos cometidos dentro dos presídios como motivadores dos ataques.

O vídeo, divulgado no início deste mês, mostra evidências de maus-tratos ocorridos durante uma operação pente-fino com a participação de 14 agentes do Departamento de Administração Prisional (Deap). Nas imagens, presos aparecem sendo conduzidos para uma sala do pavilhão 4 do presídio de Joinville. Alguns detentos foram atingidos nas costas por disparos à queima roupa de balas de borracha. Agentes teriam detonado bombas de efeito moral contra os presos e utilizado gás de pimenta na ação. Em novembro do ano passado, denúncias de tortura dentro da penitenciária de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, provocaram outra onda de atentados, com 60 ocorrências em todo o estado.

“É uma decisão técnica. A Força Nacional de Segurança será utilizada, se for o caso, em atuações específicas” Raimundo Colombo, governador de Santa Catarina

94 Total de atentados registrados no estado nas últimas duas semanas