Título: PMDB pede calma
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 18/02/2013, Política, p. 4

Partido espera que Dilma só anuncie mudanças ministeriais após a convenção da legenda. Ideia é evitar que encontro sirva de palanque para os insatisfeitos com o Planalto

Os ministros da Educação, Aloizio Mercadante e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, uniram esforços para garantir espaço ao PMDB de Minas Gerais na Esplanada, o que, por tabela, diminui ainda mais as chances de o peemedebista Gabriel Chalita tornar-se efetivamente ministro na minirreforma ministerial. Os petistas têm interesses distintos na parceria: Mercadante não quer o PMDB paulista forte, o que pode atrapalhar seus planos na disputa pelo governo estadual em 2014. Já Pimentel paga a fatura com os peemedebistas mineiros pelo apoio a Patrus Ananias na disputa pela prefeitura de Belo Horizonte no ano passado, e abre as portas para uma nova aliança no ano que vem.

Com isso, Chalita, que já foi considerado nome forte para assumir o Ministério da Ciência e Tecnologia, passa a ver cada vez mais distantes as chances de ser auxiliar da presidente Dilma Rousseff no governo federal. Mas o PMDB continua inseguro do que pensa Dilma, pois, oficialmente, jamais foi chamado pela presidente para uma conversa sobre reforma ministerial.

Por isso, interlocutores da legenda fizeram chegar ao gabinete presidencial um pedido: esperar a convenção nacional do PMDB, em 2 de março, para definir o destino da sigla no governo. Até o momento, não estão previstas surpresas no encontro partidário: Michel Temer deve ser reconduzido à presidência do PMDB, permanecendo o partido sob o comando interino do senador Valdir Raupp (RO).

Mas, como a legenda não saberá quais alas serão contempladas pela presidente, a avaliação é de que é melhor a definição após o encontro partidário, “para evitar discursos inflamados e lamúrias contra o tratamento dado pelo governo ao PMDB”, disse um interlocutor da legenda.

O partido acompanha com atenção os movimentos de Mercadante e de Pimentel. No caso de Minas, o raciocínio político é cristalino. O PT precisa puxar o PMDB para perto de si, já que o provável candidato da oposição é o senador Aécio Neves (PSDB-MG). O Planalto admite que o poder de persuasão do senador mineiro garantirá um amplo leque de alianças no estado na disputa presidencial do ano que vem. O próprio PMDB de Minas andou reclamando que, se não fosse contemplado, poderia marchar ao lado do PSDB.

Além disso, há outro argumento: o PMDB mineiro reclama que tem uma bancada com seis deputados para votar com o governo, mas não emplcou nenhum ministro. Já o PMDB do Maranhão, com quatro deputados, tem duas vagas na Esplanada — Gastão Vieira, no Turismo, e Edison Lobão, nas Minas e Energia.

Cenários O caso de Mercadante com o PMDB de São Paulo é diferente. O partido de Michel Temer não gostou nada da intromissão do ministro da Educação na possível indicação de Chalita para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Além de se incomodar com o fato de o titular da Educação querer manter o controle sobre a antiga pasta — o ministro Marco Antonio Raupp não promoveu mudanças na equipe indicada pelo antecessor —, os peemedebistas lembram que gestos abruptos poderão dificultar uma aliança para o governo de São Paulo no ano que vem.

O partido poderia sentir-se no direito de lançar candidatura própria, como fez na eleição para a prefeitura paulistana em 2012. Nesse caso, contudo, não é certo que Chalita seria o candidato natural. Tudo dependeria dos rumos e das articulações pensados por Temer.

O PMDB também monitorou as conversas que a presidente teve na semana retrasada com o PR. Chegaram às hostes peemedebistas uma intenção da presidente em convidar o senador Blairo Maggi (PR-MT) para assumir o Ministério da Agricultura. Dilma estaria preocupada com o estado de saúde de Mendes Ribeiro, que trata um câncer no cérebro, além de ter detectado problemas de gestão na pasta. Como as conversas não evoluíram — nem mesmo o PR apoia Maggi para ser o representante do partido na Esplanada — os peemedebistas veem na pasta uma janela de oportunidade.