Título: Custos menores para o cidadão
Autor: Bancillon, Deco
Fonte: Correio Braziliense, 18/02/2013, Economia, p. 8

Apostar em projetos inovadores para as cidades pode ser uma forma de o país superar gargalos históricos. Com cerca de 200 milhões de habitantes, a sétima maior economia global convive ainda com problemas superados há pelo menos duas décadas em países desenvolvidos, como os Estados Unidos e o Japão. Na maior metrópole da América Latina, São Paulo, pelo menos R$ 35 bilhões são perdidos com os constantes congestionamentos.

A falta de rodovias e de ferrovias adequadas ao transporte de mercadorias é outro sério problema para um país que tem vocação para a agricultura e a extração mineral. Estimativas da IBM apontam que 40% da produção de alimentos é desviada com falhas de logística e de armazenamento. Ao mesmo tempo, o desperdício de eletricidade nas cidades seria suficiente para tirar 17 milhões de brasileiros do escuro.

Diante desse quadro, empresas e governos têm trabalhado para desenvolver sistemas inteligentes que permitam tornar geração e transmissão de energia mais eficientes. Recentemente, as concessionárias Light (RJ) e AES Eletropaulo (SP) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) passaram a adotar o smart grid, a tecnologia das chamadas redes inteligentes. A solução permite que cada conexão elétrica possa ser ligada ou desligada remotamente, via centrais informatizadas. Assim, em caso de corte de luz por inadimplência, bastará o consumidor pagar a conta, até pela internet, para que o serviço volte imediatamente, sem precisar de um técnico ir ao local.

Fisco Esse procedimento reduz custos para empresas e pessoas físicas, da mesma forma que faz a Receita Federal. Diante de uma montanha de documentos, planilhas e processos administrativos que chegavam todos os dias ao órgão, um grupo de auditores fiscais decidiu levar adiante um projeto ousado: eliminar por completo a dependência do papel nas decisões do Fisco. Para isso, foi necessário construir um programa de armazenamento, elaboração e distribuição de documentos eletrônicos, o e-Processo.

Desde sua implementação, em 2006, a maior parte dos trabalhos realizados por 20 mil dos 30 mil servidores do órgão passaram a ser feitos inteiramente pelo computador. Dessa forma, foi reduzida a necessidade de que as 700 unidades operacionais da Receita enviassem, todos os dias, dezenas de malotes umas às outras, gerando uma economia, só com os Correios, de R$ 20 milhões anuais.

Para um dos idealizadores do e-processo, o auditor fiscal Marcelo de Sousa Silva, mais relevante que a economia gerada foi o ganho eficiência do órgão. “Do primeiro semestre de 2011 aos seis primeiros meses do ano passado, a Receita aumentou em 44% o volume de julgamentos de processos, em causas envolvendo créditos tributários avaliados em R$ 400 bilhões”, conta. Para ele, as ações públicas tendem a ficar mais eficientes e ágeis com o fim da papelada. “Se quisermos acabar com a burocracia, temos que acabar com o papel”, resume. (DB)

Menos papel no GDF

A iniciativa de acabar com a dependência do papel nos órgãos públicos será levada a mais órgãos federais e também para a administração do Distrito Federal. Pelo projeto ainda em avaliação pelo governo, algumas autarquias, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e governos locais, como o de Brasília, serão escolhidos para testar aplicações do e-processos, o software público desenvolvido pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) a pedido da Receita. O programa, se bem-sucedido, vai permitir que os órgãos reduzam drasticamente o gasto com papel. Para elaborar o software, a União está investindo R$ 10 milhões no projeto.