Título: Cidades investem em gestão digital
Autor: Bancillon, Deco
Fonte: Correio Braziliense, 18/02/2013, Economia, p. 8

Governos estaduais e municipais apostam em equipamentos urbanos modernos que levam eficiência aos serviços públicos e facilitam a rotina nas grandes capitais

Situações quotidianas nas grandes cidades brasileiras como consultar horários e linhas de ônibus, identificar estradas congestionadas e até mesmo marcar uma consulta médica podem ser feitas pelo tablet ou smartphone. É a inteligência a serviço da praticidade em uma rotina cada vez mais conectada e dinâmica. Em todo o mundo, essas inovações melhoraram a eficiência do gasto público e estimularam negócios. Nos últimos dois anos, metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre investiram pesado em projetos de gestão e monitoramento.

Por meio de computadores interligados, as administrações locais acompanham e operam, 24 horas por dia, entre outras coisas, o trânsito, o atendimento nos hospitais e a necessidade de reparos em ruas e avenidas. A prefeitura da capital gaúcha testa desde fevereiro de 2012 um amplo sistema de controle eletrônico dos seus serviços. Um supercomputador da gigante norte-americana IBM rastreia todas as redes de água e esgoto e de iluminação pública. A segunda etapa do plano de modernização permitiu confirmar a sua eficácia com a emissão diária de relatórios diários que identificam falhas em equipamentos e vias urbanos, como uma simples lâmpada queimada no poste.

Empreendimento semelhante foi adotado também em São Paulo no ano passado. Uma poderosa central da multinacional holandesa de tecnologia Philips passou a acompanhar remotamente 330 pontos de iluminação instalados na Avenida Brigadeiro Faria Lima, na Zona Sul. A rede confere o intervalo de acendimento, a intensidade de luz irradiada e a vida útil de cada peça. Para completar, os postes estão equipados com modernas lâmpadas de LED, que consomem a metade da energia das tradicionais incandescentes. Foram investidos R$ 3,9 milhões no projeto.

Com tecnologia IBM, o Centro de Operações Rio (COR) representa um dos mais completos sistemas de monitoramento de metrópoles. Ao todo, 560 câmeras instaladas em diferentes pontos da capital fluminense informam a prefeitura de transtornos de trânsito a deslizamentos de terras. Para analisar as imagens e tomar as providências necessárias, mais de 400 técnicos se revezam em três turnos de trabalho. Todos de olho em um telão de 80 metros quadrados.

Fila de hospital Outra novidade é o prontuário eletrônico, que permite gestores públicos acionarem em tempo real médicos, pacientes, hospitais e clínicas. Cidades do Paraná e os governos do Espírito Santo e de São Paulo adotam o modelo em caráter experimental. “Essa prática inovadora permite ao Estado controlar todas as etapas do atendimento”, explica Paulo Magnus, presidente da MV, empresa pernambucana de soluções digitais na área de saúde.

Os grandes municípios estão sofisticando a rotina também pelas mãos do próprio cidadão, presente nas redes sociais da internet. Por meio de celulares e tablets, motoristas e pedestres alertam autoridades e outras pessoas sobre o comportamento do tráfego, além de informarem quais linhas de metrô estão atrasadas ou qual o melhor caminho a tomar para se evitar engarrafamentos.

“Aqui em Recife, um grupo de pessoas está desenvolvendo um aplicativo que permite monitorar o clima da cidade, a partir de celulares de voluntários”, diz Sergio Cavalcante, presidente do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar), um dos maiores polos nacionais de desenvolvimento de tecnologia aplicada às atividades de empresas e de governos.