Correio braziliense, n. 20927, 09/09/2020. Brasil, p. 5

 

"Liberou geral" será sentido

09/09/2020

 

 

Feriado prolongado com praias lotadas, destinos turísticos abarrotados e vida noturna agitada. O que se viu nos últimos dias passou a impressão de que o Brasil superou a pandemia. A realidade, porém, é outra. Ontem, o país registrou mais 14.279 infectados pela doença e 504 novas mortes, totalizando 4.162.073 de confirmações e 127.464 vidas perdidas. Por mais que as atualizações mostrem queda nos números, a falsa sensação de que o pior já passou pode ser motivo para novo aumento. Para especialistas, as aglomerações só refletirão nas atualizações daqui a duas semanas.

A média móvel de casos dos últimos sete dias está em 30.163, enquanto a de mortes caiu para 695, segundo cálculos do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Os índices de óbitos não são tão baixos desde meado de maio, quando a pandemia se intensificava no país. “Começamos a ver o início de tendência de melhora na situação, tanto de casos quanto de óbitos. Mas a população tem de estar conscientizada da importância de continuar as medidas para manter os ganhos”, ressalta o pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) Mauro Sanchez, membro do Portal Covid-19 Brasil.

Para o pesquisador, se basear apenas na queda da média móvel e achar que o momento permite extensas liberações é um grande erro. “Enquanto esse ganho não for sustentado por duas ou três semanas, no mínimo, não há confiança para mudar a fase de abertura”, alerta.

O professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) Jose Alexandre Felizola Diniz reforça que a redução do isolamento social pode gerar impacto nas taxas de transmissão. Para ele, as consequências, em termos de hospitalizações e de óbitos, dependem da parcela da população que se contamina e repassa para os grupos mais vulneráveis. “Na prática, as faixas etárias não estão isoladas. Um jovem vai ter um pai com comorbidades ou uma avó mais idosa”, pontua.

Estados

São Paulo lidera o ranking negativo de mortes, com 31.430 vidas perdidas; no Rio são 16.646. Em seguida estão: Ceará (8.567), Pernambuco (7.741), Pará (6.269), Minas Gerais (5.877), Bahia (5.734), Amazonas (3.855), Rio Grande do Sul (3.800), Maranhão (3.508), Paraná (3.537), Espírito Santo (3.529), Goiás (3.450), Mato Grosso (2.893), Distrito Federal (2.700), Paraíba (2.551), Santa Catarina (2.442), Rio Grande do Norte (2.295), Alagoas (1.943), Piauí (1.915), Sergipe (1.909) e Rondônia (1.193). (BL e MEC)