Título: Tropa desembarca em Florianópolis
Autor: Medeiros, Étore
Fonte: Correio Braziliense, 16/02/2013, Brasil, p. 8

Um efetivo estimado de cerca de 150 militares da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) desembarcou no início da tarde de ontem em Florianópolis, para ajudar as polícias civil e militar do estado a enfrentar a onda de ataques que aflige Santa Catarina desde 30 de janeiro. Trinta cidades já sofreram com a ação dos criminosos e, após as três novas ocorrências registradas ao longo de sexta-feira, nos municípios de Içara, Laguna e Guaramirim, o número de ataques subiu para 101. A tropa federal ficará sob as ordens do comandante da Polícia Militar do estado, coronel Nazareno Marcineiro, que recepcionou o efetivo na Base da Aeronáutica, em Florianópolis. O major Fernando Luiz Alves, que já comandou três operações da FNSP, também chegou à cidade e deverá coordenar os trabalhos, em conjunto com Marcineiro. Após o desembarque, os policiais seguiram para o Centro de Treinamento da PM, também na capital, onde seriam informados das ações estratégicas que cumpririam já a partir da noite de ontem.

O Centro de Comunicação Social da PM informou que nenhum detalhe da operação será divulgado, por questões estratégicas, incluindo o número de homens da força federal que foram deslocados para a capital catarinense. Foi informado somente que o efetivo atuará em todo o estado, pelo tempo que for necessário, até que cessem os atos criminosos. Mais de 40 atentados contra ônibus foram registrados desde o início da onda de violência, o que causou medo não só entre a população catarinense, mas também em cobradores e motoristas. Após assembleia na última quinta-feira, o Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Urbano da Grande Florianópolis (Sintraturb) decidiu que os ônibus do transporte público só circulariam das 7h às 19h, horário em que há iluminação natural. Mas, pressionados pelo governo estadual, pela prefeitura de Florianópolis e pelas próprias empresas de ônibus, os trabalhadores desistiram da medida. Os ônibus vão circular normalmente até às 23h.

Para garantir a segurança dos coletivos e dos passageiros, a escolta dos ônibus foi reforçada. Já são 80 veículos da polícia deslocados para esta função. Cerca de 200 policiais de diversas cidades catarinenses, que estavam desde 20 de dezembro envolvidos na Operação Veraneio, encerrada na quarta-feira de cinzas, continuarão mobilizados na capital e também vão reforçar a segurança no transporte público.

O gerente de comunicação do governo de Santa Catarina, Cláudio Tomas, garante que, com o reforço, a população não tem mais o que temer. "A normalidade da capital existe desde antes do carnaval. Recebemos 300 mil pessoas na ilha de Santa Catarina (onde fica a parte insular da capital do estado) sem nenhum incidente registrado", argumenta. Para ele, a pior fase dos ataques já passou, graças à ação das forças policiais do estado. "Desde 2 de fevereiro, praticamente todos os casos que aconteceram foram consequência de vândalos e oportunistas", explica, garantindo que muitos dos autores das ocorrências recentes não têm qualquer relação com as facções criminosas que ordenaram, de dentro dos presídios do estado, a onda de ataques.

Ainda de acordo com Cláudio Tomas, a mobilização da Força estava acertada desde a visita do governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, ao Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em Brasília, na semana passada. No último encontro entre os dois, na última quarta-feira, em Florianópolis, foi decidida a transferência dos líderes de facções criminosas — apontados como mentores da onda de ataques — para presídios federais. A maioria cumpre pena na Penintenciária de São Pedro de Alcântara. Desde o início dos ataques, 71 pessoas foram presas e 22 menores, apreendidos. Um suspeito de participar da onda de atentados foi morto em confronto com a polícia.