Correio braziliense, n. 20930, 12/09/2020. Política, p. 4

 

Crivella vai ao STJ contra buscas

12/09/2020

 

 

Marcelo Crivella (Republicanos) recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar anular os efeitos dos mandados de busca e apreensão cumpridos na última quinta-feira, em seu gabinete no Palácio da Cidade, sede do Executivo municipal,em Botafogo (Zona Sul da cidade), no prédio administrativo da prefeitura, o Piranhão, na Cidade Nova, e em sua casa. A defesa do prefeito do Rio, que é pré-candidato à reeleição, alega que a operação conjunta da Polícia Civil e do Ministério Público Estadual teve “claro intuito de gerar verdadeira propaganda eleitoral negativa”.

“A ilegalidade da medida se mostra patente. Não há como admitir que agentes públicos tentem influenciar no pleito eleitoral, levando de forma clara e com o intuito de prejudicar o paciente”, argumentamos advogados Alberto Sampaio Jr. E Michel Asseff.

O documento também sustenta que a ação foi ilegal por, segundo os defensores, ter desrespeitado o contraditório e o direito à ampla defesa. Os advogados do prefeito afirmam que não tiveram acesso aos autos do processo e não foram informados sobre os fundamentos que justificaram as buscas contra Crivella. “Temos o chefe da municipalidade sendo violado em função do exercício de seu cargo, conferido honrosamente através de voto popular”, diz um trecho do pedido. Os mandados de busca contra o prefeito foram cumpridos no âmbito de uma investigação que apura suspeitas de corrupção e organização criminosa no Executivo carioca.

E um vídeo obtido pela GloboNews mostra o delegado Clemente Braune atendendo a uma ligação de Crivella para o celular do empresário Rafael Alves, durante a primeira fase da Operação Hades, em 10 de março. Relatório da Polícia Civil diz que o telefonema foi atendido pelo agente quando cumpria um mandado de busca e apreensão na casa de Alves. O policial atende a chamada, cumprimenta o interlocutor comum “Bom dia, prefeito” e diz que se trata de uma operação do Ministério Público e da Polícia Civil. O diálogo dura poucos segundos. Outra pessoa que está acompanhando a operação, e filmando a cena, pergunta a Clemente se ele se identificou e mostra a tela do aparelho, onde se pode ler “Prefeito Crivella Novo 2”.