O globo, n. 31791, 21/08/2020. País, p. 4

 

Antenas contra drones nos palácios opõem Iphan e GSI

Adriana Mendes

21/08/2020

 

 

Equipamentos foram contratados pela presidência por R$ 2,4 milhões, mas Instituto-vê impacto ao patrimônio e veta instalação

O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) contratou por R$ 2,49 milhões um sistema para detecção de drones nos palácios do Planalto, Alvorada e Jaburu. No entanto, até agora o projeto não saiu do papel. A instalação esbarra na autorização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que vetou antenas no teto dos edifícios. Agora, em um novo parecer, o órgão sugere que os equipamentos sejam colocados na laterais dos prédios ou nos arredores.

No lançamento do edital, revelado pelo GLOBO, o GSI justificou que as antenas eram necessárias para “conter ameaças concretas” à Presidência da República. Como exemplo, apontou quatro situações em que drones se aproximaram do presidente, do seu vice, ou de prédios presidenciais.

O Iphan negou autorização para a colocação das antenas e questiona, no segundo parecer, se “existe tecnologia disponível que cause ainda menor impacto para a arquitetura dos edifícios”. De acordo com a proposta mais recente, no Planalto seria colocada uma antena de 1,3 metro dentro de uma caixa. Nos outros palácios, a antena seria maior. Mesmo com mudança no projeto, a proposta não foi aprovada.

“O porte dos equipamentos foi reduzido significativamente no Palácio do Planalto, passando de 20 m para 1,3 m, o que comprova a existência de tecnologia mais compacta para o mesmo fim. No Palácio da Alvorada, o mastro foi reduzido de 10 m de altura para 5 m. e no Palácio do Jaburu, foi reduzido somente 50 centímetros (de 6 m para 5,5 m). Ainda que o porte tenha sido reduzido, verificou-se que os equipamentos ainda influenciam na leitura da volumetria dos Palácios”.

No parecer, também é questionada a possibilidade de instalar a versão menor de antena nos três edifícios. O documento, datado de 6 de agosto, foi divulgado pelo site “Metrópoles”.

No projeto original, os equipamentos a serem instalados no teto dos prédios tinham formato de pirâmide, o que chamava ainda mais atenção. Apesar das alterações, a avaliação é que as estruturas ferem o tombamento das obras de Oscar Niemeyer e do Conjunto Urbanístico de Brasília.

“Caso sejam elementos integrados à arquitetura dos palácios, os novos equipamentos não podem ser visíveis do ponto de vista do observador, de forma a não prejudicar a leitura da volumetria dos Palácios”, aponta o documento.

Procurado, o GSI informou que é responsabilidade da empresa encontrar uma solução técnica para resolver o problema.