O globo, n. 31791, 21/08/2020. Sociedade, p. 12

 

Vacina será testada em maiores de 69 anos

Ana Lucia Azevedo

21/08/2020

 

 

Pesquisadores de Oxford aguardam sinal verde da Anvisa para iniciar imunização da faixa etária mais vulnerável ao novo coronavírus; fórmula é uma das seis do mundo em etapa final de testes

 Pesquisadores à frente dos testes no Brasil da vacina contra o Sars-CoV-2 desenvolvida pela Universidade de Oxford e o laboratório Astra Zeneca estão otimistas. Eles esperam obter até o fim do ano resultados que comprovem a eficácia do imunizante. Comisso ,será possível pediro licenciamento e dar início à produção, mesmo antes do encerramento dos testes em âmbito global, previsto para junho de 2021.

Jorge Moll Filho, fundador da Rede D’Or , conta que os testes no Brasil, iniciados em junho, também se tornaram mais abrangentes. A próxima etapa da testagem vai incluir pessoas acima de 69 anos e sem limite superior de idade.

Os pesquisadores esperam para a próxima semana o sinal verde da Anvisa para começar o recrutamento na faixa etária que é a mais afetada pela Covid-19. Nela estão também os médicos mais experientes e que não deixaram a linha de frente.

Dos 5 mil voluntários que deveriam ser recrutados no Brasil, 3.800 já foram vacinados. As 1.200 vagas ainda abertas poderão ser preenchidas também por pessoas acima de 69 anos.

RESULTADOS PROMISSORES

A vacina é uma das seis no mundo em fase três, a etapa final de testes clínicos, e uma das mais promissoras entre as 231 em desenvolvimento. Em São Paulo, os testes estão a cargo da Unifesp. Ela será testada em 50 mil pessoas no mundo. O acordo prevê a produção no Brasil, a cargo de Bio-Manguinhos/ Fiocruz.

A cientista Sue Ann Costa Clemens ,che fedo Instituto de Saúde Global da Universidade de Siena (Itália) e pesquisadora do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR), está confiante de que a aprovação virá em dezembro. O governo federal já encomendou 100 milhões de doses. Caso a vacina receba a aprovação, deverá ser produzido um lote inicial de 15 milhões de doses.

— Acredito que vamos provara eficácia da vacina neste ano — diz Clemens, principal investigadora dos estudos da Rede D’Or.

Os resultados aos quais elas e refere são a detecção a partir do 14° dia após a aplicação da vacina de uma resposta celular do sistema imunológico. Além disso, 28 dias após a aplicação do imunizante foi identificado o surgimento de anticorpos neutralizantes, aqueles capazes de atacar o coronavírus.

Os testes mostraram que a vacina é segura e que duas doses produzem reação mais robusta das defesas do organismo. Isso fez os cientistas mudarem o protocolo e passarem a prever uma segunda dose. No Brasil, os voluntários receberão duas doses. Porém, ainda não se sabe por quanto tempo se manterá a imunidade.

ALTA INCIDÊNCIA

A cientista diz que o fato de o vírus ainda circular com força no país abre caminho para ter resultados em dezembro:

— O número de casos permanece muito grande e isso quer dizer que temos uma chance maior de provara eficácia da vacina.

Jorge Moll Filho observa que, embora o crescimento de novos casos tenha desaceleradonos três estados ondeava cina está em estudo, o coronavírus continua a circular.

Ele explica que agora se veem mais casos leves e moderados, a maioria dos quais não necessita internação.

Houve um decréscimo de pacientes graves e uma incidência maior de jovens. Cresce o percentual de jovens infectados pois eles se expõem mais. No entanto, em geral, desenvolvem uma doença mais leve.