Título: Coração frágil, vida intensa
Autor: Cruvinel, Tereza
Fonte: Correio Braziliense, 15/02/2013, Política, p. 4

Nos últimos 20 anos, a rotina de Fernando Lyra passava pelo Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. O ex-deputado e ex-parlamentar pernambucano sofria de insuficiência cardíaca congestiva grave. Ele se submeteu à primeira cirurgia cardíaca em 1974, nos Estados Unidos. De acordo com o vice-governador João Lyra (PDT), irmão do ex-ministro, Fernando Lyra conseguiu sobreviver esses anos todos graças aos avanços da medicina. Marca-passo, pontes de safena e mamária, foram várias as intervenções cirúrgicas. Mas, após um período internado no Recife, para tratamento de uma infecção urinária, Fernando Lyra foi transferido para o Incor. A infecção havia se espalhado por outros órgãos, como o pulmão. Na quarta-feira (30), houve uma piora no quadro clínico.

O corpo de Fernado Lyra sairá de São Paulo por volta das 8h da manhã de hoje, no aeroporto de Garulhos, em avião comercial. Na capital pernambucana, o caixão seguirá para a Assembleia Legislativa. O Palácio Joaquim Nabuco, onde o corpo vai ser velado, foi a casa política do ex-ministro por 28 anos. O governador Eduardo Paes decretou luto oficial de três dias. O enterro está marcado para o fim da tarde, no Cemitério Morada da Paz, em Paulista. A escolha do local foi da mulher da viúva, Márcia Lyra, e das filhas.

Dilma lamenta a morte Em nota, a presidente Dilma Rousseff lamentou a morte de Fernando Lyra e prestou votos de pesar à família do ex-ministro. “A democracia brasileira perdeu um de seus mais expressivos defensores”, disse ela, em um dos trecho do texto. A presidente lembrou ainda que Lyra foi o primeiro ministro da Justiça da redemocratização, responsável pelo fim da censura oficial, além de ter sido articulador político e deputado por 28 anos.

Linha do Tempo

1938 – Nasce Fernando Lyra, no Recife 1964 – Forma-se pela Faculdade de Direito de Caruaru. O Brasil sofre o golpe militar 1966 – Filia-se ao MDB, partido de oposição ao regime militar. É eleito deputado estadual 1970 – Elege-se deputado federal pelo MDB 1971 – Participa da criação do grupo Autêntico do MDB, de oposição institucional à ditadura militar 1984 – Coordena a campanha de Tancredo Neves à Presidência da República, em disputa indireta por um colégio eleitoral formado por parlamentares 1985 – É empossado ministro da Justiça, permanecendo no cargo até 1986 1987 – Participa da Assembleia Nacional Constituinte. Filia-se ao PDT 1989 – Disputa a eleição presidencial como candidato a vice na chapa de Leonel Brizola (PDT) 1993 – Se filia ao PSB de Miguel Arraes 1999 – Encerra carreira de deputado federal 2001 – Nomeado presidente da Fundação Joaquim Nabuco, permanecendo no cargo até o ano de 2011