O Estado de São Paulo, n.46278, 01/07/2020. Economia e Negócios, p.B1

 

Governo prorroga auxílio emergencial por dois meses, mas em mais parcelas

Julia Lindner

Eduardo Rodrigues

Idiana Tomazelli

01/07/2020

 

 

Equipe econômica confirma o pagamento do benefício de R$ 600 em julho e em agosto, mas repasse deve ser feito em várias etapas, em calendário ainda não definido; lei que criou o auxílio determina que, em caso de renovação, o valor do pagamento mensal deve ser mantido

O governo confirmou ontem a prorrogação por dois meses do auxílio emergencial. O benefício de R$ 600 mensais será pago em julho e em agosto, mas o repasse deve ser feito em mais parcelas. Na tarde de ontem, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo deve fazer o pagamento do auxílio em quatro vezes. Antes, o governo havia dito que os repasses seriam feitos em três etapas.

Na prática, o valor total que será repassado nos dois meses não será alterado e somará, no fim, os R$ 1,2 mil planejados no período. Na avaliação do governo, porém, a divisão das parcelas será uma “aterrissagem inteligente”. Com essa mudança, o governo pretende passar a sensação de prolongamento do recurso para o beneficiário do auxílio emergencial.

O ministro falou, ainda, que o governo está “fazendo o possível” para lidar com a crise econômica e social gerada pela covid-19, mas admitiu: “evidentemente, saímos do trilho”. “O ano de 2020 foi de despesa extraordinária, mas não há problema, os mercados compreendem”, justificou.

Guedes também anunciou que a equipe econômica está desenhando “medidas de saída da crise” e que, nos próximos três meses, vai trabalhar para estimular investimentos e abertura de vagas de trabalho. “Nos próximos dois a três meses, lançaremos medidas de apoio ao emprego”, afirmou.

O ministro rebateu críticas de que o governo foi omisso no combate à covid-19. “As linhas de ataque ao coronavírus que adotamos envolveram várias iniciativas, a primeira e mais importante foi o auxílio emergencial que estamos prorrogando nesse momento”, disse. Depois da divulgação, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, confirmou que o calendário de pagamentos ainda não está definido.

Anúncio. No anúncio da prorrogação, feito em evento no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro chegou acompanhado dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Bolsonaro afirmou que a extensão do auxílio veio “em boa hora” e que será feita por meio de decreto presidencial, que não precisa de aval do Parlamento. Em seguida, o presidente ponderou que, caso tivesse que assinar uma Medida Provisória (MP), que possui vigência imediata, mas precisa da aprovação do Congresso, considera que “teria também a velocidade necessária na Câmara e no Senado brasileiro’.

A lei que criou o auxílio determina que, em caso de renovação, o governo precisa manter o pagamento mensal de R$ 600. Na segunda-feira, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, informou que a extensão do auxílio emergencial custará R$ 100 bilhões ao governo.

“Todos sabem que se gastar gasolina demais, o tanque acaba mais rápido. Programas que poderiam se estender por mais tempo, acabam pressionando fiscalmente e você então tem que ceder. Ao invés de colocar R$ 600, de repente tem que colocar um número mais baixo para poder alongar mais. Se quer cobrir três ou quatro meses, precisa pagar um valor menor, senão o País estoura”, afirmou Guedes, em audiência pública por videoconferência na Comissão Mista do Congresso Nacional que monitora a execução orçamentária e financeira das medidas relacionadas à covid-19.

O ministro da Economia disse ainda que, após a prorrogação do auxílio emergencial, o governo lançará novos programas de caráter permanente. Ele citou o chamado “Renda Brasil” e a recriação do contrato de trabalho “Verde Amarelo”, cuja Medida Provisória anterior não chegou a ser votada pelo Congresso.

Custo

R$ 100 bi

deverá ser o custo para os cofres do governo da extensão do auxílio emergencial