Título: Manifestação contra Renan na Esplanada
Autor: Colares, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 21/02/2013, Política, p. 6

Durante protesto, movimento apresenta 1,6 milhão de assinaturas, recolhidas via internet, de pessoas que querem o peemedebista fora da presidência do Senado

Iniciado na internet, o movimento pela destituição de Renan Calheiros (PMDB-AL) do cargo de presidente do Senado bateu, ontem, na porta do Congresso Nacional. Trinta manifestantes apresentaram a um grupo de sete parlamentares os resultados de duas petições on-line que, juntas, reúnem 2 milhões de assinaturas. A primeira, anterior à eleição da Mesa Diretora, pedia aos senadores para não votarem em Calheiros. A segunda, posterior à escolha, foi ratificada por 1,6 milhão de pessoas que querem o impeachment do senador. Os manifestantes protocolaram, ainda, uma carta no Supremo Tribunal Federal (STF) endereçada ao presidente da Corte, Joaquim Barbosa, pedindo que a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra Renan Calheiros seja analisada rapidamente.

O documento entregue no STF foi assinado pelos movimentos Rio de Paz, 31 de Julho e por todos os parlamentares presentes à reunião com os manifestantes — os senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Randolfe Rodrigues (PSol-AP), Cristovam Buarque (PDT-DF), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Pedro Taques (PDT-MT) e João Capiberibe (PSB-AP), além do deputado federal Chico Alencar (PSol-RJ).

Apesar da mobilização, o valor prático da petição se limita à manifestação de uma insatisfação popular. Por essa razão, a esperança dos grupos sociais que apoiam a destituição de Calheiros da presidência do Senado reside no STF. Segundo o senador Randolfe Rodrigues, se a Suprema Corte acatar a denúncia da PGR, nova representação contra Calheiros será apresentada ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado.

Em 2007, Renan Calheiros renunciou ao cargo de presidente do Senado após denúncias de que supostamente teria despesas pessoais pagas por um lobista. Naquele ano, o Conselho de Ética aprovou o relatório pela cassação do peemedebista, mas o plenário o absolveu após ele renunciar ao comando da Casa. Apesar de Randolfe considerar que um possível processo judicial constitui fato novo suficiente para dar início a um processo no Conselho de Ética, correligionários de Calheiros já avisaram que vão passar o rolo compressor caso a oposição insista em apresentar nova representação por quebra de decoro baseada apenas em fatos já apreciados.

Na reunião de ontem com os manifestantes, os sete parlamentares presentes repetiram o discurso de que o Senado não pode virar as costas à população, e de que o assunto precisa ecoar no Congresso Nacional. Entretanto, não anunciaram nenhuma medida concreta além de discursos na tribuna do plenário. Antes do encontro, os manifestantes estenderam no gramado do Congresso Nacional uma bandeira do Brasil com a frase: “1,6 milhão diz fora, Renan. Será que o Senado vai ouvir?”.

Voto secreto A brecha aberta pelo voto secreto para que os parlamentares não precisem responder pelas suas escolhas ante a opinião pública também é alvo de protestos. Diretor de Campanhas da Avaaz (maior site de petições do mundo), Pedro Abramovay entregou, ontem, na Ordem dos Advogados do Brasil, representação pedindo que a entidade entre com uma ação direta de inconstitucionalidade para retirar o voto secreto do Regimento Interno do Senado. “Só 35 senadores disseram ter votado em Renan. A maioria ou se envergonha ou votou contra”, disse Abramovay. O peemedebista foi eleito com o apoio de 56 dos 81 senadores.