Título: Rondônia é alvo de ataques
Autor: Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 21/02/2013, Política, p. 8

O governo de Rondônia praticamente descartou que o atentado na madrugada de ontem, quando seis carros foram incendiados em Porto Velho, trata-se de uma retaliação contra a transferência de detentos de Santa Catarina para a penitenciária federal na capital rondoniense. As autoridades locais afirmam que não ficou constatado vínculo dos ataques de quarta-feira com os da Região Sul.

Segundo o secretário de Segurança Pública do estado, Marcelo Bessa, a hipótese é a de que o fogo tenha sido provocado por vândalos. Bessa acredita que o caso não tem relação com a transferência de 40 presos de Santa Catarina para presídios federais — três deles foram para Rondônia e os outros 37 seguiram para Mossoró (RN) no último sábado.

Durante as ocorrências de ontem, o Corpo de Bombeiros conseguiu evitar que o fogo se alastrasse e atingisse outros carros que estavam próximos aos atacados. Segundo a polícia, não houve vítimas. Todos os incêndios ocorreram em ruas diferentes do bairro Nova Porto. A polícia, até a tarde de ontem, não tinha suspeita da identidade dos criminosos, mas recolheu imagens de câmeras localizadas próximas aos locais dos ataques.

Um dos detentos encaminhados para Porto Velho é um rapaz de 23 anos acusado pelas autoridades catarinenses de ser um dos líderes da facção criminosa que atua nos presídios locais. Ele é suspeito de ser um dos responsáveis por comandar os ataques, que já atingiram 35 cidades de Santa Catarina. Apesar de as autoridades locais negarem relação entre os ataques em Santa Catarina e os de Rondônia, não é comum acontecimentos dessa natureza em Porto Velho. Segundo moradores da capital rondoniense, que ficaram surpresos com os atentados, os incêndios ocorreram em um período de cinco minutos, o reforça a suspeita de que mais de uma pessoa participou do crime.

"Varinha mágica" Na manhã de terça-feira, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que a onda de violência em Santa Catarina não será resolvida rapidamente. "Ninguém espere que eu tenha uma varinha mágica e que faça que tudo se resolva da noite para o dia", afirmou.

Cinco advogados presos em Santa Catarina — todos defendiam detentos do estado e são acusados de serem coniventes com os ataques — foram transferidos para um quartel da Polícia Militar em Joinville (SC), ontem. São dois homens e duas mulheres que, segundo as autoridades locais, agiam como "pombos-correios" dos presidiários ligados a facções criminosas que agem nos presídios. Os cinco foram detidos no último sábado, durante operação organizada pela Polícia Militar e pela Força Nacional de Segurança.

Desde que os incidentes começaram, no fim de janeiro, foram contabilizados 111 ataques em várias cidades catarinenses. Essa é a segunda onda de atentados no estado — a primeira aconteceu em novembro do ano passado.

Homenagem a Fernando Lyra

Dezenas de pessoas, entre políticos, autoridades e admiradores do ex-ministro da Justiça e ex-deputado Fernando Lyra, foram Santuário Dom Bosco, na W3 Sul, para homenageá-lo. A missa foi encomendada pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Lyra morreu no último dia 14, em São Paulo, por falência de múltiplos órgãos, decorrentes de um problema cardíaco.

Durante a cerimônia, foram lidos vários depoimentos sobre o ex-parlamentar, incluindo a nota oficial divulgada na semana passada pela presidente Dilma Rousseff. O vice-presidente, Michel Temer, também esteve no evento. "Convivi com Fernando Lyra quando ele era deputado e eu, um simples professor", lembrou Cristovam, que foi chefe de gabinete de Lyra na Câmara. A missa também contou com a presença de antigos companheiros do MDB — e, depois, do chamado PMDB Autêntico —, como os senadores Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS).