Título: BC confirma Pibinho de 1%
Autor: Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 21/02/2013, Economia, p. 15

Em vez de ganhar fôlego, a economia brasileira perdeu forças no fim de 2012, para desânimo do governo. Segundo cálculos do Banco Central, o IBC-Br, índice usado como prévia do Produto Interno Bruto (PIB), registrou avanço de apenas 0,26% em dezembro, menos da metade do 0,57% do mês anterior, encerrando o ano passado com crescimento de 1,64%, o pior resultado desde 2009.

Com esse desempenho, os analistas sacramentaram as apostas de que, na sexta-feira da semana que vem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrará um Pibinho entre 0,8% e 1,1% em 2012. Pior: jogaram para baixo as estimativas de 2013. Agora, o mercado fala em incremento do PIB de 2% a 3,7%, um sinal de que a recuperação da atividade será mais lenta que o desejado pela presidente Dilma Rousseff — a projeção oficial vai de 4% a 5%.

Na avaliação do economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, o Brasil está se ressentindo da falta de confiança do capital na condução da política econômica e da fragilidade da atividade internacional. Os investimentos produtivos continuam travados, as exportações encontram resistências lá fora, e o consumo das famílias dá sinais de esgotamento diante do elevado nível de endividamento. Pelos cálculos dele, o PIB de 2013 subirá apenas 2%, metade do prometido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Infelizmente, não dá para se entusiasmar com os números do IBC-Br, que são discrepantes dos calculados pelo IBGE. O que vimos foi uma desaceleração da atividade em vez de recuperação. Olhando para frente, não há sinais de melhora", destacou.

Menos pessimista, o economista Felipe Queiroz, da Austin Rating, aposta em avanço de 1,1% em 2012 e de 3,7% neste ano. "Mesmo que em um ritmo lento, a economia dá sinais de recuperação", afirmou. Na sua avaliação, será preciso, porém, avaliar melhor o cenário, devido aos riscos inflacionários. Caso eles persistam, o Banco Central será obrigado a elevar a taxa básica de juros (Selic), com impacto considerável sobre o ritmo da atividade. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado nos 12 meses terminados em janeiro atingiu 6,15%, muito próximo do teto de meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%.

O governo unificou o discurso nos últimos dias — tanto Guido Mantega quanto o presidente do BC, Alexandre Tombini, disseram que os juros podem subir para conter os reajustes de preços —, com o intuito de reverter a onda de desconfiança do empresariado e dos investidores. O Palácio do Planalto acredita que, retomando o controle das expectativas dos agentes de mercado, que respondem por um terço do IPCA, o BC conseguirá levar mais rapidamente a inflação para próximo do centro da meta, de 4,5%. Com isso, não será necessário elevar a Selic e não se correrá o risco de abortar a ainda frágil retomada da atividade.

Centro-Oeste e Nordeste lideram O Brasil registrou crescimento desigual em 2012. Pelos cálculos do Banco Central, o Centro-Oeste e o Nordeste lideraram o avanço da economia, com resultados acima da média nacional, de 1,64%. Segundo o Índice de Atividade Econômica Regional do BC, o salto nas duas Regiões foi, respectivamente, 2,01% e de 3,33%, considerando os dados sem ajuste sazonal. Já o Sudeste avançou 1% e o Norte, 0,91%. No caso da região Sul, as informações do ano passado foram consolidadas até novembro, com incremento de 0,58%.