Título: Bolsa: pior queda em 90 dias
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 21/02/2013, Economia, p. 16
O principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu ontem ao menor patamar dos últimos três meses, após sinalização de que o banco central dos Estados Unidos pode ter de reduzir ou interromper, antes do esperado, o principal programa de estímulo à recuperação da economia norte-americana. Diante da possibilidade da maior economia do planeta entrar em novo ciclo de baixa, o que acabaria reduzindo os lucros das empresas, o Ibovespa amargou um tombo de 1,98%, fechou em 56.177 pontos. Foi a pior queda diária desde 14 de novembro, que levou o indicador ao nível mais baixo desde o dia 16 daquele mês. O giro financeiro do pregão foi de R$ 8,2 bilhões, acima da média diária do ano, de R$ 7,4 bilhões.
Para os especialistas, o índice segue com tendência negativa a curto prazo. "Mas, se perder a faixa dos 55 mil pontos, o mercado de ações ficará com cara bem negativa para um prazo um pouco maior", disse o analista técnico João Marcello Schoenberger, da Ágora Corretora. O Ibovespa foi afetado desde o início da sessão pelas preocupações dos investidores com a economia doméstica, diante de novos sinais de fraqueza da atividade revelados pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que mostrou um avanço de apenas 0,26% em dezembro.
As perdas, contudo, foram acentuadas na etapa final do pregão, após a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve, o banco central norte-americano. O documento mostrou que, devido aos altos custos do programa, o Fed poderá suspender a compra mensal de US$ 85 bilhões em títulos da carteira dos bancos, medida que vem procurando injetar recursos na economia, estimular os negócios e reduzir a taxa de desemprego no país.
A notícia também atingiu em cheio os principais índices das bolsas norte-americanas. Em Nova York, o Dow Jones perdeu 0,77%, enquanto o S&P 500 recuou 1,24% — a pior queda diária desde meados de novembro do ano passado. O Nasdaq, termômetro das empresas de tecnologia, afundou 1,53% após a informação circular pelos terminais eletrônicos dos operadores.
Câmbio No mercado de câmbio, a ata do Fed acabou resultando num aumento da cotação do dólar frente ao real. A moeda norte-americana terminou ao dia cotada a R$ 1,966 para venda, com alta de 0,56%. Segundo os analistas, se reduzir a injeção de dinheiro na economia, o Fed contribuirá para elevar o preço da divisa em todo o mundo. Além disso, o impacto da notícia reduziu a disposição dos investidores por aplicações de risco, o que também acabou reforçando a tendência de alta nos principais mercados do mundo. "Na ata, alguns membros do Fed mencionaram que estariam prontos para reduzir o ritmo das compras de títulos já em março", observou o economista-sênior do BES Investimento, Flavio Serrano. "A leitura dos mercados foi de fortalecimento do dólar", completou.
Santander corta bônus O Santander reduziu o pagamento de diretores em quase 35% no ano passado, em um momento em que executivos de instituições rivais preparam cortes ainda maiores. Emilio Botín, presidente do conselho do banco espanhol nos últimos 26 anos, teve o bônus reduzido pela metade e o salário congelado, o que levou sua remuneração anual para pouco mais de 3 milhões de euros (US$ 4 milhões). Os gordos contracheques dos executivos financeiros são tema de polêmica na Europa desde a crise de 2008, quando vários bancos receberam socorro de governos. O Santander divulgou, neste mês, que teve uma queda de 59% no lucro em 2012.