Correio braziliense, n. 20940, 22/09/2020. Mundo, p. 11

 

Madri retoma medida de restrição social

22/09/2020

 

 

Quase 1 milhão de habitantes de Madri deverão “ficar em casa o maior tempo possível” para conter a segunda onda da pandemia do coronavírus. As autoridades espanholas determinaram que os moradores das áreas mais atingidas da capital — 850 mil pessoas, ou 13% da população da região — somente poderão sair de seus bairros por motivos de grande necessidade, como seguir até o trabalho, ir ao médico ou levar os filhos à escola. No entanto, poderão circular livremente dentro de sua vizinhança.

Da mesma forma, a entrada nessas áreas está proibida, exceto pelas mesmas razões de necessidade. As medidas serão aplicadas por duas semanas. Nesses bairros ou municípios, localizados na zona sul, a mais pobre de Madri, os parques permanecerão fechados, enquanto os bares e restaurantes terão de limitar sua capacidade a 50%. Não se trata de confinamento em domicílio, como na primavera passada.

“Não penso em nenhum confinamento no país”, disse o primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sánchez. “É verdade que não podemos fechar nenhuma porta, porque, obviamente, o vírus é um agente desconhecido. Mas, acho que agora temos os meios para conter e achatar a curva das infecções”, acrescentou. Sánchez reuniu-se com a presidente conservadora da região de Madri, Isabel Díaz Ayuso, muito criticada pela gestão da crise.

“Temos a impressão de que zombam de nós: podemos continuar trabalhando em outras áreas que não estão confinadas, apesar do risco de aumentar as infecções, e também podemos nos infectar em nossa área”, denunciou Bethania Pérez, enfermeira de 31 anos, durante uma manifestação contra as medidas.

Explosão

A situação também parece preocupante na Bélgica, onde o número de casos positivos ultrapassou 100 mil no domingo; na França, com mais de 10 mil novos casos identificados em 24 horas; e no Líbano, onde as infecções aumentaram desde a explosão de 4 de agosto no porto de Beirute. “Eu não consigo dormir. Os números do coronavírus são chocantes”, disse o médico Firass Abiad, diretor do Hospital Universitário Rafic Hariri, em Beirute. Embora já se esperasse uma alta no número de casos, “o aumento acentuado das mortes, incluindo de um jovem de 18 anos, foi uma notícia terrível”, acrescentou.

Em Israel, país que voltou ao confinamento na última sexta-feira, milhares de manifestantes foram autorizados a protestar em Jerusalém, na noite de domingo, para exigir a renúncia do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, acusado de corrupção e criticado por sua má administração da crise sanitária. O novo confinamento generalizado, previsto para durar ao menos três semanas, desperta o descontentamento de parte da população.