O globo, n. 31796, 26/08/2020. País, p. 12

 

DF: suspeito de desvios, secretário é preso

Rayanderson Guerra

26/08/2020

 

 

Francisco Araújo é o quinto gestor estadual de Saúde alvo de apurações sobre irregularidades no combate ao coronavírus

 O secretário de Saúde do Distrito Federal, Francisco Araújo, preso na manhã de ontem em operação do Ministério Público, é o quinto secretário estadual alvo de mandados de prisão ou de busca e apreensão em investigações sobre desvios de verba no combate ao novo coronavírus. No DF, há suspeita de fraude na compra de testes de Covid-19 e o prejuízo aos cofres públicos pode chegar a R$18 milhões. Araújo foi afastado do cargo, preventivamente, assim como outros envolvidos.

Desde o início da pandemia, a Polícia Federal fez operações contra gestores estaduais no Rio de Janeiro, Pará, Santa Catarina e Amazonas. Além disso, há investigações em andamento no Amapá, Rio Grande do Sul, Roraima e Rondônia. Ontem, na segunda fase da operação Falso Negativo, foram expedidos 44 mandados de busca e apreensão e sete de prisão preventiva. Os mandados foram cumpridos no DF e em mais oito estados.

Além do secretário de Saúde também foram presos preventivamente o ex-secretário adjunto de Assistência à Saúde do DF, Ricardo Tavares Mendes; o subsecretário de Vigilância à Saúde, Eduardo Hage Carmo; o secretário adjunto de Gestão em Saúde, Eduardo Seara Machado Pojo do Rego; o diretor do Laboratório Central do DF, Jorge Antônio Chamon Júnior; e o assessor especial da Secretaria de Saúde do DF, Ramon Santana Lopes Azevedo. O subsecretário de Administração Geralda Secretaria de Saúde, Iohan And Struck, não foi localizado eé considerado foragido.

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, classificou a operação como “desnecessária” e afirmou, por meio de nota, que o secretário e toda sua equipe “sempre estiveram à disposição das autoridades para esclarecer quaisquer fatos”. Afastado, Francisco Araújo será substituído pelo ex-secretário Osnei Okumoto, que deixou o cargo no início da pandemia.

A Secretaria de Saúde do DF informou que tem colaborado com as investigações e que, além de disponibilizara o MP acesso às informações de todos contratos da pasta, vem realizando reuniões para “esclarecer dúvidas” e “aprimorar os mecanismos de transparência. A empresa Biomega informou, em nota, que não vendeu os testes, pois foi contratada apenas para produzir os laudos dos exames.