Correio braziliense, n. 20944, 26/09/2020. Economia, p. 7

 

Desemprego: modesto recuo em setembro

Marina Barbosa 

26/09/2020

 

 

Após bater 14,3% no fim de agosto, a taxa de desemprego marcou 13,7% no início de mês de setembro. O recuo, contudo, não se refletiu no aumento da população ocupada. Por isso, segundo os especialistas, não representa um movimento permanente e pode indicar um aumento do desalento no Brasil.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil começou, este mês, com 13 milhões de desempregados. São 700 mil pessoas a menos do que no fim de agosto. Só que, neste período, os ocupados cresceram em apenas 100 mil pessoas, variando de 82,2 milhões para 82,3 milhões.

Sobram, portanto, 600 mil trabalhadores que podem ter desistido de procurar emprego, mesmo sem ter conseguido uma nova ocupação. Por isso, a população fora da força de trabalho subiu de 74,4 milhões para 75 milhões, mas 27,3 milhões dessas pessoas avisam que gostariam de trabalhar e 17,1 milhões disseram que só não procuraram emprego por conta da pandemia ou porque não encontraram uma ocupação na localidade em que moram.

Para especialistas, essa oscilação da taxa de desemprego vai persistir até o fim do auxílio emergencial, já que o benefício ainda tem garantido o básico para as famílias de baixa renda. Porém, a redução do valor tem pressionado a taxa de informalidade. É que, diante da queda no auxílio de R$ 600 para R$ 300, e do retorno gradual da circulação urbana, muitos trabalhadores sem carteira estão voltando aos postos que ocupavam antes da pandemia. Com isso, a taxa de informalidade avançou de 34% para 34,6%, o maior nível desde meados de junho, no início deste mês, com o número de trabalhadores informais subindo de 27,9 milhões para 28,4 milhões.