Título: Recessão na Europa arrasa as bolsas
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Fonte: Correio Braziliense, 22/02/2013, Economia, p. 9

Retração da atividade das empresas mostra que a crise na Zona do Euro deve se prolongar. Cenário ruim e incertezas eleitorais na Itália desanimam os investidores

Com a confiança dos investidores já abalada diante da possibilidade de os Estados Unidos retirarem os estímulos à economia antes do previsto, as principais bolsas de valores do mundo voltaram a apresentar fortes quedas, ontem, pelo temor de um novo agravamento da crise que devasta os mercados há quase cinco anos. Desta vez, as notícias ruins vieram da Europa, onde as esperanças de uma recuperação da atividade econômica a curto prazo se desvaneceram com a divulgação de dados que apontam, na realidade, para uma contração na produção das empresas, especialmente na França.

O alerta partiu do Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês), calculado pelo Instituto Markit. O indicador, construído a partir de informações dos executivos de companhias líderes nos setores industrial e de serviços, mostrou que a Zona do Euro deverá ter uma queda de até 0,3% no primeiro trimestre de 2013, depois de já ter amargado um recuo de 0,4% no fim do ano passado, segundo o economista-chefe do Markit, Chris Williamson. Não bastasse esse quadro ruim para os investimentos e o emprego, o cenário foi turvado ainda mais pelas dúvidas a respeito da eleições do próximo fim de semana na Itália, cujo resultado poderá recolocar o país mediterrâneo no centro das preocupações dos analistas.

O chefe do Parlamento Europeu, o alemão Martin Schulz, pediu publicamente aos italianos que não votem no ex-primeiro ministro Silvio Berlusconi, por entender que o magnata da mídia, se voltar ao poder, poderá travar o processo de reformas no país. “Ele já colocou a Itália em parafuso com o comportamento irresponsável no governo e aventuras pessoais”, disse Schulz, segundo o diário alemão Bild. Berlusconi já foi condenado à prisão por fraude fiscal e responde a processo por ter feito sexo com uma prostituta menor de idade. A incerteza eleitoral levou a Bolsa de Milão a despencar 3,13%, o pior desempenho entre todas as praças europeias.

Nervosismo O derretimento dos mercados começou com as bolsas asiáticas, que tiveram fortes baixas ainda refletindo a informação, divulgada na quarta-feira, de que o banco central norte-americano poderá suspender o programa de compra de títulos que vem injetando US$ 85 bilhões na economia do país todos os meses. Passando pela Europa, a onda de nervosismo prejudicou os negócios em Nova York, e afetou também a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que fechou em queda pelo sétimo pregão consecutivo.

O principal indicador paulista chegou a perder 1,33% durante o dia, mas foi salvo, no final da sessão, pela alta expressiva das ações da petroleira OGX, e conseguiu fechar com recuo de apenas 0,04%. Com o desempenho pífio das últimos dias, a Bovespa acumulou uma queda de 3,02% na semana e de 6,04% em fevereiro. Desde o início do ano, a bolsa desvalorizou 7,87%.

Medo do futuro

Incertezas políticas e econômicas fazem índices desabarem

Milão / - 3,13% Xangai / -2,97% Paris / - 2,29% Frankfurt / - 1,88% Madri / - 1,82% Hong Kong / - 1,72% Londres / - 1,62% Tóquio / -1,39% Lisboa / - 1,23% Nova York / -0,34% São Paulo / - 0,04%