Título: Dívida vai alcançar R$ 2,2 tri
Autor: Bancillon, Deco
Fonte: Correio Braziliense, 22/02/2013, Economia, p. 9

A dívida pública brasileira atingirá um novo recorde em 2013. Com a economia ainda em compasso de espera, o governo avisou que recorrerá à venda de títulos ao mercado em busca de recursos necessários para financiar seus gastos. Dessa forma, o passivo do Estado em poder do mercado, a chamada dívida mobiliária, poderá crescer até 11,5% neste ano, chegando a incríveis R$ 2,2 trilhões.

Parte desses recursos será usada para capitalizar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que, apesar de praticar as menores taxas de juros do mercado, não tem conseguido convencer o empresariado a tirar do papel os projetos de investimento que faltaram para que o Produto Interno Bruto (PIB) deslanchasse em 2012.

Ontem, ao comentar as previsões do governo para o comportamento da dívida nos próximos meses, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, avisou que parte dos R$ 503,9 bilhões que serão emitidos em títulos públicos será usada para capitalizar o banco de fomento. “Ainda não definimos qual será o valor a ser repassado, mas já é possível dizer que emissões com esse caráter (para reforçar o BNDES) estão previstas nas nossas bandas (de financiamento)”, disse. O secretário afirmou que o governo tem diminuído os valores repassados à instituição. Mas, segundo números do próprio Tesouro Nacional, entre 2010 e 2012 o montante somou quase R$ 200 bilhões.

Perfil Assim como ocorreu em anos anteriores, essas operações devem contribuir para aumentar o endividamento do Estado. Conforme o Plano Anual de Financiamentos (PAF) de 2013, o governo está autorizado a elevar a dívida pública em até R$ 232 bilhões em 2013. Na possibilidade mais conservadora, o estoque poderá crescer R$ 99,2 bilhões. Nesse caso, também alcançaria uma novo recorde, de R$ 2,1 trilhão. O aumento não é problema, segundo Augustin. “Como proporção do PIB, o montante tem caído nos últimos anos e vai recuar mais ainda neste ano. Na verdade, o que temos feito é melhorar os fundamentos do endividamento brasileiro”, declarou. O governo também espera melhorar o perfil da dívida, reduzindo o percentual de papéis que vencem em até 12 meses, de curtíssimo prazo, dos atuais 24,4% para até 21% do total.