O Estado de São Paulo, n.46281, 04/07/2020. Política, p.A10
Senador critica ação 'com base em fatos antigos'
Renato Vasconcelos
04/07/2020
O senador José Serra (PSDB-SP) classificou ontem a Operação Revoada como "completamente desarrazoada". Em nota, o ex-governador de São Paulo afirmou que sempre atuou de forma lícita e íntegra e criticou o cumprimento de mandados de busca e apreensão em endereços ligados a ele e à sua filha, Verônica Serra, "com base em fatos antigos e prescritos e após denúncia já feita".
A nota de Serra faz referência à decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal em agosto de 2018, quando determinou que fatos anteriores a agosto de 2010 citados na investigação estavam prescritos porque o senador tinha mais de 70 anos. "Causa estranheza e indignação a ação deflagrada pela Força Tarefa da Lava Jato de São Paulo", diz a nota do tucano.
"Em meio à pandemia da covid-19, em uma ação completamente desarrazoada, a operação realizou busca e apreensão com base em fatos antigos e prescritos e após denúncia já feita, o que comprova falta de urgência e de lastro probatório da acusação. É lamentável que medidas invasivas e agressivas como a de hoje (ontem) sejam feitas sem o respeito à lei e à decisão já tomada no caso pela Suprema Corte, em movimento ilegal que busca constranger e expor um senador".
Apoio. O PSDB também se manifestou, defendendo uma investigação "ampla e irrestrita" e afirmou ter "absoluta confiança" em Serra. "O PSDB de São Paulo defende a ampla e irrestrita investigação dos fatos sempre que houver questionamentos envolvendo recursos e agentes públicos. Ressaltamos nossa absoluta confiança no senador José Serra, na sua história e conduta, e na Justiça", diz nota assinada pelo presidente do diretório paulista do PSDB, Marco Vinholi.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que apoia a Lava Jato e defende a "ampla e irrestrita investigação". "Mas jamais condenar por antecipação", disse. "A Justiça existe para avaliar, julgar, e apenas depois da decisão da Justiça é que nós poderemos nos manifestar plena e definitivamente".
Os criminalistas Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que defende Ronaldo Cézar Coelho, e Eduardo Carnelós, defensor de José Amaro Pinto Ramos, disseram que irão se manifestar depois que acessar os aut os da operação.