O Estado de São Paulo, n.46285, 08/07/2020. Política, p.A8

 

Após 18 meses, Flávio depõe sobre investigação de 'rachadinha'

Fábio Grellet

Caio Sartori

Rafael Moraes Moura

08/07/2020

 

 

O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-rj) foi ouvido ontem pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ) no inquérito que investiga o esquema de "rachadinha" – apropriação de parte ou a totalidade do salário de servidores – em seu gabinete enquanto era deputado estadual. O depoimento foi prestado a pedido do próprio senador, que afirmou por meio de sua assessoria querer "restabelecer a verdade". A oitiva foi realizada pelos promotores do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc), que investiga o caso.

Filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro, Flávio é investigado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Outro alvo da investigação é Fabrício Queiroz, seu ex-assessor, que está preso.

O pedido para que fosse ouvido na investigação representou uma mudança na estratégia de defesa do senador. O MP-RJ tentava ouvir o senador desde janeiro de 2019, mas ele não prestou depoimento. Depois, a defesa tentou interromper a investigação por meio de recursos.

Segundo nota da assessoria do senador, o conteúdo da audiência está em segredo de Justiça e a mulher do parlamentar, Fernanda Bolsonaro, não prestará depoimento – o MP-RJ havia requerido também a oitiva dela. A defesa do senador afirmou ainda que Flávio "não praticou qualquer irregularidade e que confia na Justiça."

Queiroz. Anteontem, a desembargadora Suimei Cavalieri, do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), encaminhou ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) os habeas corpus apresentados pela defesa de Queiroz e sua mulher, Márcia Oliveira de Aguiar. A desembargadora entendeu que, como o processo vai para a segunda instância, os recursos e os habeas corpus devem ser julgados pelo STJ, instância que está acima do Órgão Especial. O documento está nas mãos do presidente do STJ, João Otávio de Noronha, que está de plantão no recesso judicial.

Apontado pelo MP do Rio como operador financeiro de Flávio, Queiroz está preso desde 18 de junho. Márcia está foragida.