Título: PP se divide às vésperas da reforma
Autor: Caitano, Adriana; Almeida, Amanda
Fonte: Correio Braziliense, 23/02/2013, Política, p. 4

A poucas semanas da reforma ministerial que a presidente Dilma Rousseff promoverá, a guerra interna no PP tem chamado a atenção do Palácio do Planalto. O partido, que comanda o Ministério das Cidades, está dividido entre os grupos do deputado Jerônimo Goergen (PP-RS), que apoia o atual titular da pasta, Aguinaldo Ribeiro (PB), e do deputado Vilson Covatti (RS), ligado ao ex-ministro e deputado federal Mário Negromonte (BA).

Numa manobra para minar o prestígio de Ribeiro, Covatti acusou Goergen de praticar tráfico de influência perante o ministro para liberar repasses do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) a municípios do Rio Grande do Sul. A ação teria sido articulada com empresas gaúchas interessadas em executar as obras. No Congresso, circulavam ontem fotos de Goergen e do próprio ministro numa visita a Flores da Cunha (RS), no fim do ano passado, com empresários. “É um escândalo. (O PAC ) é um programa de governo extremamente técnico que está sendo usado para fazer política”, protestou Covatti, acrescentando que Goergen trata o PP como o “Partido Progressista Business”.

O grupo de Negromonte elaborou documento pedindo investigação contra Goergen pelo Conselho de Ética do PP, mas a balbúrdia é tanta que até quem assinou o documento, após o caso repercutir, criticou a atitude de Covatti. “Não concordo com a forma que meus colegas agiram. Quando há problema em casa, discutimos em casa. Não fica bem para o partido. Isso é picuinha”, recuou o deputado Luís Carlos Heinze (PP-RS).

Em nota, o Ministério das Cidades informou desconhecer as denúncias e assegurou que não partiu da pasta o anúncio de investimentos. Goergen — que havia listado em uma rede social valores a serem destinados a vários municípios gaúchos — diz que o episódio é fruto de uma disputa local. “Não passa de uma ciumeira brava, provocada por coisas pequenas que poderão fazer o Planalto desistir de repassar a verba para os municípios e ainda se irritar com o PP e o ministro.”