Título: Para promotor, colegas foram omissos
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Fonte: Correio Braziliense, 23/02/2013, Brasil, p. 8

O suposto caso de eutanásia praticado pela chefe da UTI do Hospital Evangélico de Curitiba, Virgínia Soares de Souza, reacendeu o debate sobre a conduta médica. O promotor de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-Vida), Diaulas Ribeiro, acredita que, se tudo que se atribuir à profissional for verdadeiro, os colegas deveriam ter denunciado o quanto antes. “O controle tem de ser feito por pessoas que compartilham com ela o mesmo trabalho. Essa é uma situação em que a entidade de classe deve ser informada.” Para ele, muitas vezes, situações assim se perpetuam, porque a pessoa dá sinais de transtornos de comportamento e ninguém leva a sério, além de haver profissionais que não querem denunciar para não ficar mal na categoria. “Há atitudes que são toleradas por colegas por anos, quando, na verdade, a pessoa é doente”, pontua.

Para Diaulas, essa não seria uma situação de falta de fiscalização do poder público. “Casos como esse são exceção. A relação entre médico e paciente envolve um contrato sigiloso, é uma relação sagrada. Em UTIs, todos estão vulneráveis. São espaços de muita intimidade, em que o estado não deve interferir porque uma médica supostamente com desvio de comportamento agiu criminosamente”, comenta. O Conselho Federal de Medicina também ressalta que este é um fato isolado e que, quando há suspeitas sobre um profissional, existe a possibilidade de procurar o órgão e, em casos graves, a própria polícia.