Título: Vítimas e parentes terão tratamento especializado
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Fonte: Correio Braziliense, 23/02/2013, Brasil, p. 8

Vinte e sete dias depois de a boate Kiss pegar fogo em Santa Maria (RS), deixando 239 pessoas mortas, o Ministério da Saúde anunciou a terceira fase de atendimento a longo prazo aos familiares das vítimas, aos feridos e a outros envolvidos na tragédia. Sobreviventes e pessoas que ajudaram no resgate e tratamento das vítimas poderão se inscrever no site da pasta, e a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul ficará responsável por agendar consultas médicas a elas. Vinte e seis feridos ainda estão internados em hospitais do estado, sendo quatro em estado grave.

As pessoas que estiveram na boate terão atendimento clínico e, além delas, parentes e profissionais de resgate que precisarem de apoio psicológico. A boate de Santa Maria tinha capacidade para 691 pessoas, mas havia mais de mil no local na noite do incêndio. “É preciso criar uma rede permanente para aliviar o sofrimento psicológico, com iniciativas como o apoio à estruturação da associação de familiares, vítimas e amigos”, comentou o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em visita à cidade ontem.

Lila Tello, coordenadora de saúde da associação Familias por La Vida, que dá assistência aos envolvidos em tragédia semelhante ocorrida na Argentina, em 2004, onde 194 pessoas morreram, ressaltou a importância do atendimento. Segundo ela, muitos sobreviventes sofrem com transtornos derivados do trauma ou da inalação da fumaça em menor ou maior grau. “Além disso, os sentimentos de culpa e a depressão podem ocasionar a diminuição das defesas, abrindo espaço para o surgimento de câncer e tentativas de suicídio.”

Dois sócios da boate Kiss, o produtor e o vocalista da banda Gurizada Fandangueira estão presos. Segundo as investigações, a tragédia aconteceu por uma série de erros, como o uso de um sinalizador inadequado para locais fechados, a ausência de mais de uma saída de emergência e a presença de uma espuma tóxica no teto da casa noturna. Na tarde de ontem, seis boates de Porto Alegre foram interditadas durante uma operação de fiscalização. Os estabelecimentos não apresentaram alvará de prevenção contra incêndio.