Título: Taxa de juros deve subir
Autor: Nunes, Vicente; Dinardo, Ana Carolina
Fonte: Correio Braziliense, 23/02/2013, Economia, p. 10

A disparada dos preços captada pelo IPCA-15, a prévia da inflação oficial, em fevereiro levou os investidores a ampliarem as apostas de alta na taxa básica de juros (Selic). Com o indicador mostrando resistência maior do que esperado, 50% do mercado acredita em aumento de 0,25 ponto percentual já na reunião de março do Comitê de Política Monetária (Copom). Em abril, a subida seria de 0,5 ponto. Atualmente, a Selic está em 7,25% ao ano, o menor nível da história.

No governo, a ordem foi elevar o tom contra a inflação para retomar o controle das expectativas, que representam um terço do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Nos últimos dias, tanto o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, quanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ameaçaram aumentar os juros para manter os preços sob controle. O problema, no entender dos especialistas, é que apenas no gogó o governo não conseguirá reverter a onda de remarcações, que já atinge mais de 70% dos produtos e serviços pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O melhor seria não desacreditar tanto a política econômica, por decisões pouco ortodoxas.

Na avaliação dos economistas Constantin Jancso e Sabrina Andrade, do Banco HSBC, o quadro atual de inflação implica em riscos crescentes para o país. Segundo a equipe do BNP Paribas, a alta do custo de vida forçará o BC a iniciar a alta da Selic já em 2013, apesar da contrariedade do Palácio do Planalto. "Nós pensamos que o consenso entre os economistas vai se mover nessa direção nas próximas semanas", assinalou o economista Marcelo Carvalho. Ele avaliou, no entanto, que o BC não tem pressa para subir os juros, mesmo tendo adotado um discurso mais firme. "Por ora, achamos que o BC é feliz em continuar latindo mais alto, ganhando algum tempo e esperando o melhor. Eventualmente, porém, terá que acompanhar as palavras com a ação", emendou.