Título: Petrobras sustenta o PAC
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 23/02/2013, Economia, p. 13
Resultado de 2012 do Programa de Aceleração do Crescimento mostra que a petrolífera foi responsável por 75% do total de investimentos, de R$ 99,3 bi. Aporte em infraestrutura ficou abaixo do esperado pelo governo
O governo está apostando todas as fichas na Petrobras para ajudar a deslanchar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Apesar de a estatal ter tido em 2012 o pior resultado em oito anos, ela ainda é uma peça importante na estratégia do Planalto para destravar o investimento no país, que ainda está abaixo do necessário para garantir uma expansão econômica sustentável: acima de 23% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. No ano passado, ficou em 18%.
O prejuízo da Petrobras de pelo menos R$ 15 bilhões com a defasagem nos preços dos combustíveis no Brasil em relação ao mercado internacional não foi equalizado com o aumento de 6,6% na gasolina e pode comprometer a execução integral do plano de negócios da empresa, que prevê US$ 236,5 bilhões até 2016. Em 2012, a estatal respondeu por R$ 74,5 bilhões dos R$ 99,3 bilhões dos investimentos executados por estatais e pelo setor privado no PAC. Sozinha, a companhia representou 75% do montante, que ainda ficou abaixo dos R$ 105,6 bilhões previstos no ano.
Desembolso O valor total das obras concluídas somou R$ 328,2 bilhões, menos da metade (46,8%) dos R$ 708 bilhões programados até 2014. Incluindo contratos em andamento, as obras do PAC nos dois primeiros anos da gestão da presidente Dilma Rousseff somaram R$ 472,4 bilhões, quantia que corresponde a 47,8% do valor estimado para o fim dos quatro anos (R$ 989 bilhões). A União desembolsou R$ 39,3 bilhões, sendo que R$ 18 bilhões foram para o pagamento de contratos antigos. Ou seja, os R$ 21,3 bilhões restantes representam o que o governo Dilma efetivamente colocou no PAC no ano passado, o equivalente a 28% do desembolsado pela estatal.
Questionada pelo Correio sobre o fato de o governo ter inflado os números do PAC com a inclusão de programas como o Minha Casa, Minha Vida — que respondeu por R$ 188,1 bilhões (57,2% do total das obras concluídas) —, Miriam desconversou e afirmou que, para ela, o Minha Casa… é obra de “infraestrutura social”. Enquanto isso, projetos cruciais para desatar os nós da logística no país continuam parados, apesar de suas execuções terem sido apontadas como “adequadas” no relatório de 184 páginas divulgado ontem. É o caso da concessão dos trechos mineiros das rodovias BR-040 e BR-116, cujos leilões estavam previstos para janeiro e foram adiados. O presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo, disse que a prorrogação do leilão foi feita a pedido dos empresários e que esses dois trechos serão leiloados em junho ou julho.
Crescimento equilibrado Para a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, o crescimento econômico é a maior preocupação da presidente Dilma Rousseff. A aposta de Miriam e do governo é que as medidas de incentivo, como as desonerações e a queda no custo da energia a partir deste mês, sejam sentidas ao longo do ano. “Nossa expectativa é que 2013 será melhor do que 2012 para o crescimento da economia, da renda e do investimento”, disse. “Os gastos do PAC em infraestrutura, somados aos que serão feitos em parceria com a iniciativa privada, certamente, garantirão a alavancagem do crescimento do nosso país e do desenvolvimento social e regional mais equilibrado”, afirmou.