Título: Reino Unido é rebaixado
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Fonte: Correio Braziliense, 23/02/2013, Economia, p. 15

Fraqueza da economia e atraso na implementação dos planos para reduzir o deficit orçamentário fizeram com que a agência de classificação de risco Moody tirasse da atividade britânica a nota máxima. EUA e França já tinham sofrido corte semelhante

A agência de classificação de risco Moody’s reduziu, ontem à noite, a nota da dívida do Reino Unido de “Aaa” para “Aa1”, citando uma fraqueza na perspectiva de crescimento da economia britânica a médio prazo, que deve se estender por anos, impedindo a redução do endividamento público. É a primeira das principais agências a derrubar a economia britânica de sua posição mais alta.

A notícia deverá repercutir nos mercados na segunda-feira e intensificar as críticas do Partido Trabalhista, que se opõe ao programa de austeridade conduzido pelo ministro das Finanças, George Osborne. O plano, que tem contribuído para reduzir o ritmo de atividade econômica local, está dois anos atrasado em relação à meta original de eliminar em larga escala o deficit orçamentário britânico até 2015.

Em Londres, após a divulgação da notícia, Osborne prometeu avançar com os planos econômicos do governo. “Hoje, tivemos um duro lembrete dos problemas com dívida que nosso país enfrenta — e o alerta mais claro possível para qualquer um que acredita que podemos nos safar de lidar com esses problemas”, afirmou o ministro, em comunicado. “Longe de enfraquecer nosso ímpeto de implementação de nosso plano de recuperação econômica, essa decisão o redobra.”

Com o rebaixamento da nota, a Moody’s voltou a atribuir a perspectiva “estável” para o rating da dívida britânica, enquanto tanto a Standard & Poor’s (S&P)quanto a Fitch mantêm a tendência negativa.

Outros casos O Reino Unido não é a primeira das grandes economias globais a perder o chamado “triplo A”, classificação que permite aos governos e às grandes empresas obterem crédito às taxas mais baixas existentes no mercado. Na decisão mais surpreendente, em 2011, a S&P rebaixou a dívida norte-americana, em meio ao impasse existente no país para a redução do endividamento público. Apesar disso, os títulos norte-americanos nunca perderam, na prática, a condição de serem os mais procurados pelos investidores para se proteger da crise. No ano passado, a Moody’s tirou a França do grupo de países agraciados com a classificação máxima.

Em nota, a Moody"s alegou que o crescimento do Reino Unido sofre com a combinação de atividade global mais reduzida e o impacto “do processo de desalavancagem dos setores público e privado”. A analista Sarah Carlson disse que a tendência de expansão da economia britânica é de 2% a 2,5% ao ano. A agência concluiu ainda que a dívida pública deve crescer até 2016, quando atingirá seu ponto máximo, alcançando 96% do Produto Interno Bruto (PIB), contra 90% atualmente.

Nada consumado Os rumores de que a OGX estaria vendendo participação em seu capital para a Petronas, da Malásia, obrigou a empresa de petróleo de Eike Batista a soltar comunicado, ontem, informando que mantém permanente contato com vários investidores sobre oportunidades de negócios, mas que até o momento não há nada consumado para ser anunciado. Desde que começaram as especulações, os papéis da OGX sofreram fortes oscilações na bolsa, fechando o pregão de sexta-feira em baixa de 0,28%, depois de subir quase 12% na véspera. “Acredita-se ter ocorrido um movimento especulativo do mercado em torno de rumores sobre eventual venda pela companhia de participação em campo de petróleo para investidor estrangeiro”, escreveu a empresa. “Nesse sentido, cumpre esclarecer que a companhia mantém permanente contato com vários investidores sobre diferentes oportunidades de negócio e não existe qualquer fato que deva ser comunicado ao mercado.”