Título: Ação judicial exclui membr os da banda
Autor: Castro , Grasielle
Fonte: Correio Braziliense, 26/02/2013, Brasil, p. 7

Trinta dias após o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, que matou 239 pessoas e deixou mais de 100 feridas , a Defensoria Pública do Rio Grande do Sul optou por não citar o vocalista e o produtor da banda Gurizada Fandangueira na ação coletiva indenizatória em prol das famílias das vítimas e dos sobreviventes. Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Augusto Bonilha Leão estão presos. Além deles , os sócios da boate Mauro Hoffmann e Elissandro Spohr também seguem detidos. Vinte quatro pessoas permanecem internadas, sendo três em estado grave . De acordo com o defensor público-geral do Rio Grande do Sul, Milton Leonel Arnecke Maria, Marcelo e Luciano ficarão fora do processo pela ausência de patrimônio. “Em princípio, a ação será ajuizada contra os do-nos da boate, porque eles têm patrimônio para satisfazer a ação, assim como o estado e o município” , destaca Arnecke. Segundo ele, os defensores responsáveis pela causa ainda estudam como serão as diretrizes do processo, a ser instaurado até o início da próxima semana. O valor das indenizações também está em análise. Há cerca de 10 dias, a Associação Nacional para Exigência do Cumprimento das Obrigações Legais (Anecol), com sede em São Paulo , ajuizou um pedido de reparação na Comarca de Santa Maria contra o município, os donos da boate e a banda no valor de R$ 3 milhões para cada família e R$ 300 mil para os feridos, pelos danos que sofreram. Entretanto, no último sábado, a Associação dos Pais e Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da boate Kiss em Santa Maria divulgou uma moção de repúdio contra essa ação da Anecol e afirmou que a entidade não os representa.

A Polícia Civil não confirma se seguirá o mesmo direcionamento da Defensoria Pública, de incluir o poder público entre os culpados. Apesar de ter ouvido integrantes da prefeitura e do Corpo de Bombeiros, o chefe da divisão de comunicação da Polícia Civil, Marco Antônio Kessler , acredita que ainda é cedo. “É prematuro e irresponsável apontar culpados . A polícia trabalha com o dolo eventual. Não se tem ainda quem e por qual crime será indiciado ” , pontua. O que se sabe até agora, segundo ele, é que houve uma sequência de erros. O vocalista usou um sinalizador inadequado, a espuma usada como isolamento acústico ajudou o fogo a se alastrar , o extintor de incêndio não funcionou, a casa estava lotada e com o alvará vencido , entre outros. A apresentação do documento policial, prevista para hoje, foi adiada. A Polícia Civil alega que os laudos do Instituto Geral de Perícias (IGP) não foram entregues e não houve tempo hábil para ouvir todas as partes . Até o momento, mais de 400 pessoas já testemunharam e mais de 1,6 mil páginas de laudos técnicos estão em análise. A nova previsão é 3 de março, mesma data de vencimento das prisões preventivas dos acusados . Na noite de ontem, o advogado de um dos sócios do estabelecimento, Elissando Spohr, pediu a prorrogação da prisão preventiva dele por mais 30 dias. A alegação é que o acusado tenha mais tempo para esclarecer os fatos à autoridade policial.