Título: Média superior à nacional
Autor: Sakkis, Ariadne
Fonte: Correio Braziliense, 24/02/2013, Cidades, p. 23

Dono da maior renda per capita do país, o DF tem incidência de câncer superior à média nacional. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostram que, enquanto 259,85 a cada 100 mil brasileiras devem desenvolver algum tipo da doença, no DF, essa proporção é de 293,59 a cada 100 mil mulheres. Entre os homens, a proporção é de 267,99 casos a cada 100 mil brasileiros. Na capital, essa proporção é de 305,95.

Estudiosos e gestores em saúde explicam que as taxas altas estão, quase sempre, relacionadas a locais mais desenvolvidos. O oncologista Murilo Buzo, do Centro de Câncer de Brasília, explica: "Significa que as pessoas estão vivendo mais e não estão morrendo de outras causas, mas também estão expostas aos fatores de risco. Se você pegar os índices de países desenvolvidos, verá que é ainda maior do que o caso brasileiro", diz.

Mas a gerente de Câncer do DF, Cristina Scandiuzzi, afirma que alguns tipos de câncer indicam o contrário. É o caso do de colo de útero, causado pelo papiloma vírus humano (HPV). No ano passado, ele causou a morte de 52 mulheres. "Quando a mulher chega ao estágio avançado desse câncer, a ponto de morrer, significa que o sistema falhou com ela. Entre o surgimento de uma lesão e o desenvolvimento do câncer é preciso, em média, três anos", explica.

Por isso, houve mudanças no atendimento. Agora, o paciente faz o exame preventivo no posto de saúde, mas quem recebe o resultado é a gerência. Se uma lesão for detectada, a própria Secretaria de Saúde entra em contato com a pessoa e a encaminha a um ginecologista especializado em colo de útero nas regionais de saúde, que deve atendê-la em até 30 dias. Se diagnosticar câncer, a paciente é encaixada em até 15 dias. "Queremos não só reduzir, mas zerar essas mortes. Elas são uma vergonha para o sistema", diz Cristina.