Título: PT enfrenta o PMDB no Rio
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 28/02/2013, Política, p. 0

Base de sustentação do governo federal, as duas legendas caminham para o confronto na sucessão do governador Sérgio Cabral

Em pleno calor da disputa com os peemedebistas no Rio de Janeiro em torno da sucessão do governador Sérgio Cabral, o presidente na­cional do PT, Rui Falcão, garantiu ontem a candidatura de Lindbergh Farias para o governo fluminen­se. "Nós não estamos pensando em desistência dele, não. A can­didatura dele é para valer", disse Falcão, após evento de comemo­ração de 30 anos da Central Úni­ca dos Trabalhadores (CUT), em São Paulo.

O PMDB do Rio ameaça rom­per a aliança nacional com a pre­sidente Dilma Rousseff caso o PT não apoie a candidatura do vice- governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB). O diretório estadual do partido divulgou uma nota oficial garantindo que não haverá "pa­lanque duplo" para a presidente Dilma Rousseff no estado, no ano que vem. O documento será lido na convenção nacional do PMDB, no próximo sábado, em Brasília.

Falcão lembrou que a tendên­cia atual é que haja mais de uma candidatura, incluindo a do atual líder do PR na Câmara, Anthony Garotinho. Mesmo com as nego­ciações do Palácio do Planalto para atrair o PR de volta à base de apoio ao governo federal, Garotinho é visto como um candidato de oposição no plano estadual. Por isso, a tendência é que Pezão e Lindbergh se unam em um eventual segundo turno. "Se for possível, no ano que vem, haver uma convergência para uma uni­ficação (antes das eleições), é uma possibilidade", sugeriu o presidente petista.

Estava previsto para ontem um encontro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o governador Sérgio Cabral. Dilma também deve estar com Cabral e com o prefeito da capital flumi­nense, Eduardo Paes, na sexta- feira. Nada que mude o atual ce­nário. Lula já escalou o marqueteiro João Santana para cuidar da imagem do senador petista. San­tana influenciou as inserções de Lindbergh no horário destinado aos partidos na TV

Como Lincoln

Ontem, foi um dia de autoexaltação petista. No evento de co­memoração da CUT, Lula recla­mou que ele e Dilma Rousseff so­frem perseguição da imprensa, da mesma maneira que o ex-pre­sidente dos Estados Unidos Abrahan Lincoln, cuja biografia serviu de base para um dos filmes que concorreu ao Oscar deste ano. "Esses dias, eu estava lendo o li­vro do Lincoln e eu fiquei impres­sionado como a imprensa. Batia no Lincoln igualzinho batia em mim", disse Lula.

Além de se comparar ao esta­dista americano, Lula ainda disse que "o coitado (Lincoln) não ti­nha computador para ver a notí­cia, tinha que ir para o telex, para o telégrafo, ficava numa sala es­perando, e nós, aqui, podíamos xingar o outro em tempo real".

O PT realmente está se inspi­rando em Lincoln. O próprio slo­gan criado pelo partido para cele­brar os 10 anos de chegada do partido à Presidência remete às palavras do ex-presidente ameri­cano. O lema "Do povo, pelo povo e para o povo" foi usado por Lin­coln no famoso discurso de Get­tysburg, que marcou o fim da guerra de secessão e unificou o norte e o sul do país.

Para Lula, os formadores de opinião no Brasil não queriam as vitórias dele e da presidente Dil- ma Rousseff. "Essa gente não gos­ta de gente progressista", disse. Mais tarde, em Brasília, a banca­da do PT organizou uma festa pa­ra celebrar os 33 anos da legenda.