O globo, n. 31816, 15/09/2020. País, p. 8

 

MPF denuncia Lula por lavagem de dinheiro

Gustavo Schimitt

15/09/2020

 

 

Instituto do ex-presidente teria sido usado na operação; defesa diz que doações estão documentadas

 Lula, Palocci e Okamotto são acusados do crime de lavagem de dinheiro em ações envolvendo doações da Odebrecht ao Instituto Lula para disfarçar repasses no total de R$ 4 milhões, entre dezembro de 2013 e março de 2014. No entanto, conforme mostrou a colunista Bela Megale, os procuradores arquivaram os fatos envolvendo as palestras dadas pelo ex-presidente que eram investigadas nesse mesmo inquérito, seguindo o entendimento do relatório da Polícia Federal sobre o tema, apresentado há oito meses.

O MPF pediu a devolução dos valores bloqueados em contas e investimentos bancários e em espécie, apreendidos em cumprimento aos mandados de busca e apreensão, no montante de, pelo menos, R$ 4 milhões. Esse valor corresponderia à propina repassada mediante doação simulada ao Instituto Lula.

Segundo os procuradores, as investigações apontam que, para disfarçar o repasse da propina, Marcelo Odebrecht, então presidente da empreiteira, atendendo apedido de Lula e Okamotto, determinou diretamente que repasses fossem transferidos sob aforma de doação formal ao Instituto Lula.

Os valores dos repasses feitos pela Odebrecht ao Instituto teriam sido debitados de uma conta corrente de propina da empreiteira, que estaria relacionada a obras feitas pela

Petrobras durante os governos petistas. As provas estariam na planilha de pagamento de propinaa“i tali an”,cuj ono meér eferência a Pal occi,a presentada na delação da Odebrecht.

Lula já foi condenado em dois processos na Lava-Jato do Paraná: nos casos do tríplex do Guarujá e do sítio de Atibaia. Lula também é réu na Justiça de São Paulo e Brasília.

A defesa do ex-presidente negou qualquer crime e informou que doações estão “devidamente documentadas por meio de recibos emitidos pelo Instituto Lula — que não se confunde com apessoado ex presidente— e foram devidamente contabilizadas ”. Para advogados de Palocci, por sua vez, a denúncia está baseada na colaboração dele e “comprova a efetividade do acordo do ex-ministro”.

A defesa de Okamotto informa que ele jamais tratou de propina com ninguém, e muito menos com Palocci e Marcelo Odebrecht. Lembra que ele já foi absolvido em processo sobre doação ao Instituto Lula. Reforça que o objetivo social do Inst itu toé a preservação da memória, assim como os de Fernando Henrique e Barack Obama .“O MPF repete a mesma ilegalidade. A defesa espera que não seja recebida essa repetição de fatos jurídicos já apreciados com nova roupagem”, diz o advogado Fernando Augusto Fernandes.