Correio braziliense, n. 20954, 06/10/2020. Política, p. 4

 

Kassio começa campanha pela aprovação

Ingrid Soares 

Augusto Fernandes 

06/10/2020

 

 

O desembargador Kassio Marques, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), começou a fazer um corpo a corpo no Senado para conseguir apoio dos parlamentares. A nomeação à cadeira de Celso de Mello, no Supremo Tribunal Federal (STF), depende do aval de, no mínimo, 41 dos 81 senadores. Ele deve ser sabatinado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nas próximas duas semanas.

Ontem, Kassio esteve no gabinete do líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO). O desembargador deve ter uma agenda cheia nos próximos dias para visitar os parlamentares. Outros senadores também já receberam proposta de audiência. “Ele se mostra preparado, tranquilo e sereno”, salientou Gomes.

Na noite de sábado, Kassio participou de um encontro na residência do ministro Dias Toffoli, do STF, que reuniu Bolsonaro e o Presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O parlamentar tornou-se o principal articulador da indicação do desembargador. A intenção dele é realizar a sabatina e liquidar a votação nas próximas duas semanas.

Líderes do Senado farão uma reunião virtual, hoje, para definir a data da sabatina e a apreciação da indicação. O procedimento precisa necessariamente ser feito de forma presencial, ou seja, os parlamentares terão de estar em Brasília. A votação é secreta. Kassio será inquirido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes da votação no colegiado e no plenário. A expectativa é que a sabatina de Marques, a votação na CCJ e no plenário ocorram no mesmo dia ou, no máximo em dois.

Já Bolsonaro voltou a defender, ontem, a escolha de Kassio e afirmou que indicar um nome para a Corte ficou igual a escalar a seleção brasileira. A declaração foi feita a apoiadores na saída do Palácio da Alvorada.

“Indicação para o Supremo, para muita gente, ficou igual escalar seleção brasileira: todo mundo tem seu nome, e aquela que não entrou o nome dele, ele reclama e começa a acusar o cara de tudo. Esse mesmo pessoal, no passado, queria que eu botasse o Moro (Sergio Moro, ex-ministro da Justiça)”, provocou.

À noite, em São Paulo, Bolsonaro disse que para a próxima vaga para o STF — a do ministro Marco Aurélio Mello — indicará um pastor evangélico. Foi durante cerimônia de aniversário do pastor Wellington Bezerra da Costa, presidente das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus no Brasil. “Imaginemos as sessões daquele Supremo Tribunal Federal começarem com uma oração”, destacou o presidente.