Correio braziliense, n. 20955, 07/10/2020. Política, p. 2

 

Jantar pavimenta avanços na Câmara

Alessandra Azevedo 

07/10/2020

 

 

O jantar que marcou a reconciliação entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro da Economia, Paulo Guedes, na segunda-feira, rendeu mais do que pedidos de desculpas e elogios. A maior expectativa em relação ao encontro é que, agora, seja possível avançar em temas pendentes no Congresso, sem que o foco seja desviado para desentendimentos e falta de articulação. Não por acaso, o mercado reagiu positivamente e o Parlamento, em geral, acredita em um clima de mais tranquilidade entre os dois Poderes.

Se mantida, a boa relação entre Guedes e Maia será importante, principalmente para o governo, caso o objetivo seja destravar a pauta econômica. A conversa na casa do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas, onde os dois fizeram as pazes, girou em torno de temas como reformas administrativa e tributária e o programa Renda Cidadã, que substituirá o Bolsa Família, além de um reforço geral no compromisso com o teto de gastos.

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), que atuou para que o encontro acontecesse, apresentou propostas. Para ele, o governo deve acabar com todas as isenções fiscais por seis meses, período que seria usado para avaliar cada uma delas. Depois, só seriam inseridas de volta à lei as que valerem a pena. A medida não resolveria o problema do teto de gastos, mas solucionaria o problema da falta de fonte de financiamento para novas despesas, como o Renda Cidadã.

A expectativa do primeiro vice-líder do Republicanos, Silvio Costa Filho (PE), é que o encontro, de fato, resulte em uma relação mais pacífica entre o Legislativo e o Executivo. “O importante é que a gente possa se despir de todas as vaidades e das posições, muitas vezes, de tensionamento, para ajudar a decantar e a baixar os ânimos a fim de construir soluções de forma coletiva”, acredita.

“Retomar o diálogo é um bom sinal, pode facilitar o andamento de propostas, mas isso precisa ser mantido nos próximos meses”, disse um deputado do centrão, próximo a Maia, que preferiu não ser identificado.