Valor econômico, v. 21, n. 5109, 19/10/2020. Brasil, p. A6

 

OMS pede que o Brasil participe de testes clínicos de mais vacinas

Assis Moreira

19/10/2020

 

 

A entidade convidou o país a se voluntariar para tomar parte em mais testes de mais uma série de vacinas contra a covid-19

A Organização Mundial da Saúde (OMS) convidou o Brasil a se voluntariar para participar de testes clínicos de mais uma série de vacinas contra a covid-19, no esforço global para acelerar o combate à pandemia.

A OMS já tem um programa de testes de tratamentos e agora está fazendo outro para vacinas. Foi pelo programa de tratamento que a entidade na sexta-feira anunciou que testes em 30 países mostraram que as drogas remdesivir, hidrocloroquina, lopinavir/ritonavir e interferon tem pouco ou nenhum efeito na redução de mortalidade pela doença.

Atualmente, quatro vacinas estão sendo testadas no Brasil: a da Universidade de Oxford/ AstraZeneca envolvendo 10 mil pessoas nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia; a CoronaVac, da Sinovac /Instituto Butantan, envolvendo 13 mil brasileiros no Distrito Federal, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro; a BNT162, da Pfizer / BioNtech / Wyeth envolvendo 2 mil brasileiros em São Paulo e na Bahia; e a vacina da farmacêutica Janssen-Cilag, da J&J, temporariamente interrompido.

No entanto, há mais de 200 vacinas contra o covid-19 em desenvolvimento, e pelo menos 35 estão em fase de testes clínicos. Normalmente uma candidata a vacina tem menos de 10% de chance de sucesso. E dessas, apenas 20% conseguem ter aprovação das autoridades reguladoras.

O que a OMS faz agora é a ponte entre países e produtores, com protocolo comum, estruturado pela organização, para a realização dos testes. Os testes clínicos podem variar de três a seis meses.

Enquanto examina o pedido da OMS, o governo brasileiro rejeitou na sexta-feira proposta da Índia e África do Sul, parceiros no Brics, para que a Organização Mundial do Comércio (OMC) permitisse aos países suspender patentes e outros instrumentos de propriedade intelectual vinculados ao combate à pandemia de covid-19.

Para o governo Bolsonaro, o Acordo de Trips (a respeito de propriedade intelectual) já têm flexibilidades que podem ser utilizadas pelos países membros para atingir objetivos de saúde pública. O Brasil ficou ao lado da União Europeia (27 países), EUA, Suíça, Canadá, Japão, Reino Unido, Noruega e Austrália.