Título: Plano de saúde tem a maior alta desde 2007
Autor: Nascimento, Bárbara; Oliveira, Priscilla
Fonte: Correio Braziliense, 27/02/2013, Economia, p. 7

Os planos de saúde tiveram, em 2012, o maior reajuste dos últimos cinco anos. De acordo com dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a correção média dos convênios alcançou 7,93%, bem acima da inflação de 5,84% medida pelo Índice de Preços ao Consumidor amplo (IPCA). E os brasileiros não devem ter trégua. Dados do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) apontam que os aumentos acima da inflação devem continuar, puxados pela elevação dos custos médico-hospitalares, que acumularam, nos 12 meses terminados em junho de 2012, alta de 16,4%. Trata-se de repasses reprimidos, que tendem a chegar às mensalidades nos próximos meses.

O Índice de Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH), levantado pelo IESS anualmente, considera as despesas que as operadoras têm com consultas, exames, terapias e internações por beneficiários de planos individuais. Atualmente, esse tipo de convênio representa cerca de um quarto do mercado, com 10 milhões de associados. As internações lideram as despesas, com elevação de 16,6%. Segundo a ANS, os gastos totais com internações das associadas da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) — que detém mais 30% do sistema de saúde privado — passaram de R$ 4,9 bilhões, em 2007, para R$ 15,4 bilhões, em 2012, uma variação de 215,4%.

Na avaliação do superintendente executivo do IESS, Luiz Augusto Carneiro, os reajustes dos planos de saúde estão disseminados, independentemente de serem coletivos ou individuais. "Os hospitais atendem todo tipo de convênio. Então, se o valor cobrado por uma internação subiu para um plano coletivo, com certeza, também subiu para o individual", afirmou. "Como o reajuste calculado pela ANS para os planos individuais leva em consideração a média das correções feitas na modalidade coletiva, que não é regulada pelo governo, os próximos aumentos serão expressivos", completou.

Descaso Para a coordenadora institucional da Proteste, Maria Inês Dolci, repassar todos os aumentos de custos para os consumidores é um sinal de falha nas previsões orçamentárias das operadoras, já que a quantidade de usuários pagantes não para de crescer. "Quanto maior for o número de clientes, mais fácil fica diluir os custos. Além disso, há períodos com mais e menos internações, permitindo um equilíbrio nos gastos", assinalou.

Para ela, se toda vez que o valor de um procedimento aumentar, houver um repasse imediato aos consumidor, o plano ficará impagável. "As empresas tirarão delas a responsabilidade do controle de gestão, passarão isso para os clientes", afirmou Maria Inês. De acordo com a FenaSaúde, historicamente, a correção dos valores cobrados pelos planos é sempre superior à inflação, em razão dos "procedimentos utilizados pelos hospitais, cada vez mais complexos".

Apesar do expressivo aumento nas mensalidades, a qualidade do atendimento dos planos de saúde deixa a desejar. Tanto que, nos últimos meses, a ANS suspendeu a comercialização de quase 240 convênios por descumprirem itens básicos previstos em contratos. A cada mês, as queixas dos consumidores à agência reguladora batem recorde.